Depois de Rio versus São Paulo, agora é Brasil contra França, Estados Unidos, Grã-Bretanha, Espanha, Turquia, Alemanha, Rússia e Cuba, na disputa para sediar as Olimpíadas de 2012. A mudança de enfoque aconteceu a partir de segunda-feira 7, quando o Rio de Janeiro derrotou São Paulo por 23 votos a dez para representar o País na disputa mundial. A votação foi feita por 34 integrantes do Comitê Olímpico Brasileiro, liderados por Carlos Arthur Nuzman, no auditório do BNDES, centro do Rio. O prefeito Cesar Maia (PFL), que na disputa evitou polêmicas com a concorrente Marta Suplicy (PT), só teve uma recaída, citando o poeta Vinicius de Moraes ao comemorar a vitória: “Que me perdoem as feias, mas beleza é fundamental”, provocou. Bem mais discreta, a prefeita paulistana, acompanhada pelo governador Geraldo Alckmin (PSDB), recebeu a derrota puxando o cordão da unidade: “Agora somos todos Rio. Vamos conciliar projetos, esforços e idéias para que o Brasil ganhe.” Cesar, então, retomou a discrição, prometendo não personalizar a vitória: “O esporte une. A política divide. É uma candidatura do esporte brasileiro”, conclamou, ao lado da governadora Rosinha Matheus (PSB).

É bom mesmo que se forme essa corrente pra frente porque a competição é uma das mais duras da história das Olimpíadas. Envolve Paris, Londres, Madri, Istambul, Moscou, Leipzig e Havana. A próxima triagem acontecerá em maio do ano que vem, quando o Comitê Olímpico Internacional (COI) eliminará algumas concorrentes. O anúncio da sede só será feito em 6 de julho de 2005. Apesar da robustez dos adversários e do desgaste da violência urbana, o Rio tem chances reais de se tornar a primeira cidade da América do Sul a abrigar os Jogos. Seu maior trunfo não está nas belezas naturais, exaltadas na disputa com São Paulo, mas na previsão de que a maior parte das instalações (70%) estará pronta em 2006 – cinco anos antes do necessário – para abrigar os Jogos Pan-Americanos de 2007. “Em 2004, quando o COI vier inspecionar a cidade, eles não verão só maquetes e mapas”, argumenta o secretário municipal de Esportes e Lazer, Ruy Cézar Miranda.

O desafio da violência foi o ponto central na elaboração do projeto do Rio, que concentrou as instalações, inclusive a Vila Olímpica, na Barra da Tijuca (zona oeste), uma espécie de Miami em miniatura. “É uma área plana e sem atividade controlada por traficantes. Um efetivo policial com apoio aéreo é mais do que suficiente”, comentou Cesar Maia. Outros grandes nós, especialmente o do transporte público e da poluição das lagoas e praias, vão exigir investimentos públicos da ordem de US$ 3,2 bilhões. Animado, o prefeito do Rio minimiza os obstáculos, vangloria-se de ter um caixa superavitário e classifica a natureza do Rio como um importante “ativo” na disputa com as metrópoles mais visitadas do mundo. O Brasil espera que desta vez o sonho não se torne uma frustração, como a da Rio 2004.