Emília mal estreou na tevê e já rouba a cena em Caminho das Índias. Com cara boa, ela docilmente abana as orelhas quando recebe comida das mãos de Opash, personagem interpretado por Tony Ramos nessa novela de Glória Perez, na Rede Globo.

Emília é uma vaca que conquistou o telespectador. E embora o seu tratador, Carlos Alberto Santos da Silva, não revele quanto ela lhe rende, há quem garanta que o seu "cachê" diário gira em torno dos R$ 700. "Não quero falar disso porque tem gente reclamando que ganha menos do que o animal", diz Silva, referindo-se à ciumeira que a vaca anda despertando no elenco.

A rigor, seja qual for o investimento, a emissora está no lucro – e Emília já é um dos destaques do folhetim. Outras experiências já haviam mostrado que bichos reforçam a empatia do público com a história – e atualmente as três novelas da Rede Globo contam com a participação de animais. A nova trama do horário das sete, Caras e bocas, tem um macaco pintor, e a das seis horas, Paraíso, exibe cavalos. "Durante as gravações na Índia, tive muito contato com os animais. Adoro trabalhar com a vaca", diz Tony Ramos, para desespero de muitas atrizes que mandariam a vaca contracenar no brejo e adorariam atuar com ele.

Não é a primeira vez que Glória Perez inclui animais em suas histórias. Fez sucesso, por exemplo, o boi Bandido de América (2005). Walcyr Carrasco, autor de Caras e bocas, é o autor que mais coloca a bicharada para atuar. Fez isso em Alma gêmea (a pata Doralice) e Chocolate com pimenta (a vaca Estrela). Dessa vez, em sua nova novela, a vedete é o macaco Xico – que na vida real é uma fêmea e se chama Kate. Ele "faz o papel" do verdadeiro autor das telas pintadas por Denis (Marcos Pasquim).

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ZOO A vaca Emília com Tony Ramos em Caminho das Índias, o macaco Xico em Caras e bocas, a pata Doralice com Marcelo Barros em Alma gêmea e o touro Bandido em América

Carrasco se inspirou em histórias reais de bichos artistas. Uma delas é a do chimpanzé Congo, que teve três pinturas leiloadas por US$ 26 mil em Londres, em 2005. Congo morreu de tuberculose em 1957. "Xico é um dos nossos protagonistas. Está se saindo tão bem que sua participação aumentou", diz o autor. Já a novela Paraíso, ambientada no campo, está repleta de animais, e a sua presença não é mera composição de cenário.

A relação profissional dos peões com seus cavalos, como diz a própria autora da história, Edmara Barbosa, é "muito próxima". O cavalo de Zeca foi escolhido por seu intérprete, Eriberto Leão. "A pelagem, branca e preta, remete à dualidade do personagem", diz Edmara.