A Biblioteca Nacional da França está apresentando até 27 de julho, em Paris, a maior exposição de fotos do consagrado francês Henri Cartier-Bresson, fundador da Agência Magnum. Apesar de ter abandonado a atividade profissional há duas décadas, Cartier-Bresson, que completa 95 anos em 22 de agosto, segue como referência para fotógrafos do mundo todo. E é na condição de grande fotógrafo do século XX que o evento o apresenta. Além dos seus magníficos trabalhos, lá está também um auto-retrato feito à época em que foi prisioneiro dos alemães, na Segunda Guerra. Outra atração obrigatória é o clique de Gandhi, realizado pouco antes da morte do líder da libertação da Índia.
Na verdade, raros presenciaram tantos acontecimentos históricos como Cartier-Bresson e sua inseparável câmera Leica. A mostra ainda conta com algumas importantes fotos – selecionadas por ele – de famosos colegas de profissão, entre os quais Robert Capa, seu sócio na
Magnum, que registrou o desembarque das tropas aliadas na
Normandia. O brasileiro Sebastião Salgado marca presença com uma fotografia de Serra Pelada.

Um dos maiores atrativos da exposição é o conjunto de retratos de Moscou ainda na guerra fria. Cartier-Bresson foi um dos primeiros profissionais estrangeiros a fotografar a capital russa após a criação da União Soviética. Há também imagens de parentes e amigos do fotógrafo. No total, são 350 obras, entre fotos e desenhos feitos por ele. Georges Braque, Robert Kennedy e Susan Sontag são alguns de seus modelos.

Quando desistiu da fotografia, nem os amigos mais próximos imaginavam que Cartier-Bresson conseguiria se afastar de sua Leica, uma paixão com a qual perpetrou momentos históricos, como a libertação da França em 1945. Dos vários episódios marcantes do século XX, ele ainda registrou a ascensão de Mao Tsé-tung e o momento em que uma mulher e duas crianças tentavam pular o antigo muro de Berlim.

O legado de Henri Cartier-Bresson para o futuro são fotografias impecáveis de um homem que procurou não só documentar a intolerância política de todas as ideologias e o sofrimento das vítimas da exclusão social, mas também preciosos instantâneos do cotidiano que só suas lentes souberam focar.