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EM FUGA
Chineses no deserto de Gobi deixam a região
ameaçada pela desertificação
  

A Organização das Nações Unidas (ONU) define como refugiado uma pessoa que está fugindo de onde vive por conta de perseguição a sua raça, religião ou nacionalidade. A realidade atual do planeta, no entanto, torna cada vez mais comum o uso do termo “refugiados ambientais”. A ONU estima que, até 2020, 50 milhões de pessoas devam migrar de seus lares por causa de seca, erosão do solo, desertificação, do desmatamento e de outros problemas relacionados ao meio ambiente.
O dado alarmante foi revelado na mais recente reunião da Associação Americana para o Avanço da Ciência (AAAS, na sigla em inglês), no fim de fevereiro, em Washington (EUA).

“As mudanças climáticas vão afetar as plantações e provavelmente inflar os preços dos alimentos, o que gera inquietação nas pessoas que detêm poucos recursos”, diz Ewan Todd, professor da Michigan State University e organizador da conferência que debateu o tema. “Atualmente, há instabilidade social no Oriente Médio e no norte da África, mas, uma vez que temos uma população em crescimento e poucas lavouras, estamos prestes a ver ainda mais conflitos e refugiados”, explica.

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SEM LAR
No Quênia, refugiados voltam para casa:
mudanças climáticas assolam a África

Mas qual a relação entre as mudanças climáticas e a oferta de alimentos? Invernos mais quentes mantêm vivas as pestes que atacam as plantações, permitindo que carreguem doenças para as plantas na primavera. Além disso, os gases do efeito estufa e a poluição do ar afetam a estrutura das plantas, enfraquecendo suas defesas. Enxurradas causadas por chuvas fortes transportam fezes de animais para a comida consumida por humanos, espalhando ainda mais doenças. Estimativas dão conta de que 2,2 milhões de pessoas morrem todos os anos nos países em desenvolvimento por conta de males relacionados à comida e à água contaminadas.

O aquecimento do planeta e o consequente derretimento do gelo dos polos da Terra geram ainda outro efeito colateral: o aumento no nível dos oceanos. Isso afeta principalmente as pequenas nações-ilha. Esse grupo de países, no qual se inclui Tuvalu, no oceano Pacífico, pode desaparecer com a subida de meros 60 centímetros na maré. Algumas estimativas dão conta de que um aquecimento de 6oC poderia elevar os níveis em cinco metros. Foi num desses locais, inclusive, que ocorreu em 2009 a primeira migração de uma nação inteira por conta das mudanças climáticas. Todos os 2,6 mil habitantes das Ilhas Carteret, a mil quilômetros da Austrália, migraram para Bougainville, uma ilha distante cerca de 85 quilômetros.

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Em Bangladesh, tempestades, enchentes e danos às lavouras causados pelo aumento do nível do mar fazem com que, a cada ano, 400 mil pessoas fujam de suas vilas em direção à capital, Daca. Porém, como a cidade está poucos metros acima do nível do mar e é regularmente atingida por ciclones e enchentes, ela é uma das mais vulneráveis do mundo aos efeitos do aquecimento global. A situação atual mostra que as medidas de prevenção e adaptação às consequências das mudanças climáticas são tão ou mais urgentes do que a redução das emissões de gases do efeito estufa. A verdade é que corremos o risco de, em um futuro próximo, não termos mais a quem proteger.

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