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SUSHI PERUANO O ceviche é feito a partir de cubos de peixe cru marinados no limão, coentro, na cebola e pimenta

Por mais de uma década, o Consulado do Peru em São Paulo se esmerou na organização de festivais de gastronomia com o objetivo de promover sua culinária – que já desponta como promessa de sucesso em várias partes do mundo. O último evento aconteceu no ano passado. Este ano, já não haverá mais. "Cumprimos nossa missão", disse Milagros Koepe, responsável pelo setor de turismo do consulado. "A gastronomia peruana não precisa mais de holofotes, é o momento dela." No Brasil, até o mês passado, havia dois restaurantes peruanos – um em Maceió, o delicioso Wanchako, e outro no Rio, o tradicional Intihuasi. Do mês passado para cá, no entanto, o neoandino Killa e o peruano La Mar abriram suas portas em São Paulo. E, no mês que vem, é a vez do latinoamericano Salero, também na cidade.

O "embaixador" dessa onda é o chef peruano Gastón Acurio. Desde que se tornou famoso pelo toque contemporâneo que dá a ingredientes típicos de seu país, a gastronomia do Peru é vista com mais atenção e respeito.

Gastón estudou na respeitada Cordon Bleu, em Paris, e possui restaurantes em diversos países, uma escola de culinária e um programa de tevê. "Sou de uma geração de cozinheiros que persegue o destino da comida japonesa no mundo", diz ele. "Se há 30 anos, as pessoas torciam o nariz para peixe cru, alga e wasabi e hoje são apaixonadas por sushi, também podemos conquistá-las com nosso ceviche", completa, citando o prato típico peruano, que é feito com cubos de peixe cru marinados no limão, coentro, na cebola roxa e pimenta.

Agora, o talento de Gastón chega a São Paulo. Na semana passada, foi inaugurada uma filial do La Mar, sucesso na Cidade do México, em Santiago e São Francisco. A comida da região dos Andes tem influências indígenas, espanholas e japonesas, entre outras. E combina peixes, galináceos e carne vermelha a uma variedade de batatas, milhos e pimentas. Assim como o La Mar, o neoandino Killa é contemporâneo. Seu cardápio é 90% peruano, 5% boliviano e 5% equatoriano. O próximo a entrar no circuito é o Salero, que, além de comida típica dos Andes, apresenta pratos de outros países latinos.

A tendência só é possível graças à possibilidade de se encontrar alguns ingredientes-chave no Brasil. "O linguado e o buri dos ceviches podem ser comprados em São Paulo ou facilmente substituídos", diz Georges Hutschinski, proprietário do Killa. "Com a forte migração dos povos dos Andes para São Paulo, é natural encontrarmos muitos tipos de batatas e ervas", diz o chefe boliviano Checho Gonzáles, do Salero. Ainda assim, globalização tem limite. O principal segredinho dos andinos é o ajís, molho de pimenta, que precisa ser importado. "Sem o ají, não somos nada", confessa Gastón.

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