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SOFISTICAÇÃO NATIVA No Txai Resort, em Itacaré, o luxo caminha ao lado de mecanismos de proteção ambiental e desenvolvimento sustentável da comunidade

Hotéis sustentáveis já são um dos grandes atrativos de países como Austrália e Costa Rica. Mas o Brasil começa a despertar para o potencial da hospedagem verde, que, além de ecologicamente correta, é rentável. De acordo com uma pesquisa mundial da consultoria europeia TNS Sofres, 90% dos turistas optam por lugares que valorizam a preservação da natureza e o desenvolvimento social na hora de escolher seus destinos. Dos 800 entrevistados, 69% concordam em pagar 30% mais para garantir o desenvolvimento local e a preservação do meio ambiente. Os chamados viajantes responsáveis gastam em média US$ 104 por dia, contra US$ 76 de um turista comum, de acordo com a Organização Mundial do Turismo.

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Na Amazônia, o Cristalino Lodge, premiado no ano passado pela prestigiada revista Conde Nast Traveller, fica no meio de uma Reserva Particular do Patrimônio Natural (RPPN) de sete mil hectares. Lá, a floresta nativa não pode ser tocada. "Cerca de 40% de nossos hóspedes são brasileiros, mas esse número tem crescido", diz Alexandre Da Riva, gerente de marketing do hotel, indicando outra tendência: o aumento da preocupação dos turistas do País com as questões ecológicas, a exemplo dos europeus. Entra na conta verde do estabelecimento o aquecimento solar da água, o uso de alimentos locais, a reciclagem e a compostagem do lixo, a educação ambiental para a população da região e a recuperação de nascentes. "Somos pequenos justamente para viabilizar esse tipo de escolha", explica Da Riva.

Um dos diferenciais deste segmento é a criação de uma Reserva Particular do Patrimônio Natural, como a do Costão do Santinho, em Florianópolis, de 44 hectares. Pelo menos 30% dos 90 mil turistas que visitaram o Costão em 2008 tinham como objetivo principal o ecoturismo. Para manter a fama verde, o resort reaproveita os afluentes tratados para fins não nobres, recicla o lixo e tem geradores próprios de energia. "O hóspede não está preocupado só com o valor que paga, mas também com o benefício de ter escolhido um local em que todas as suas preocupações ambientais e sociais sejam atendidas", afirma Ciro Couto, coordenador de ecologia e meio ambiente do Costão.

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NO QUINTAL Da esq. para a dir., Costão do Santinho e Uacari Lodge atraem turistas com as áreas de preservação no terreno dos hotéis

Preocupação ambiental está longe de significar falta de charme. O Uacari Lodge, na Amazônia, foi construído com impacto mínimo na paisagem, integrando a brisa local na refrigeração dos dez apartamentos e usando materiais naturais. A pousada abraça também projetos com a comunidade local, outro item extremamente valorizado no turismo responsável. Tanto o Uacari quanto o Cristalino Logde figuraram entre os poucos destinos brasileiros destacados no guia Fodor’s Green Travel, que seleciona os melhores eco-lodges e hotéis verdes do mundo.

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HARMONIA No Cristalino Lodge (abaixo e à dir.), a integração com a natureza é máxima. A ideia é não interferir no ecossistema

Quem não abre mão de luxo tem opções como o Txai Resort, em Itacaré, no sul da Bahia. Além da área de proteção ambiental, o resort mantém programas sociais que engajam a comunidade na preservação da Mata Atlântica. "A intenção é promover uma melhoria de todas as pessoas envolvidas", diz Álvaro Valeriani, diretor do Txai. "Isso é dar impulso ao desenvolvimento sustentável, à cidadania e à inclusão social." Para completar, o spa do resort oferece serviços como massagem ayurvédica, reiki, meditação, banhos com óleos aromáticos e aulas de ioga. Sustentável sim, mas com todo conforto e sofisticação a que se tem direito.