09/07/2003 - 10:00
Medo de dentista é universal. Em qualquer parte do mundo, esbarra-se em pessoas com pavor dos instrumentos usados ou do barulhinho do motor do aparelho utilizado para tratar cáries. Mas os tempos mudaram. Equipamentos sofisticados, laser e ultra-sons estão colaborando para que o atendimento seja cada vez mais indolor. Além disso, a maior consciência em relação aos cuidados com os dentes está fazendo com que os problemas sejam diagnosticados rapidamente e, portanto, apresentem menor gravidade. Hoje é difícil, por exemplo, ser preciso extrair um dente. “Antigamente, o dentista era até motivo de ameaça para crianças que não se comportassem direito. Ele era sinônimo de arrancar dente. Atualmente, extração é um dos procedimentos menos feitos nos consultórios”, afirma Henrique Teitelbaum, presidente da Associação Brasileira de Odontologia.
O novo aparato tecnológico é variado. Uma das principais fontes de terror – o barulho do motor da broca – já conta com alternativas bem menos assustadoras. Uma delas é um aparelho de ultra-som com uma ponta de diamante usado para retirar o tecido atingido pela cárie. É mais silencioso do que a broca e também provoca menos dor.
Uma das inovações mais interessantes é em relação à anestesia. Esqueça a velha e enorme seringa. Os profissionais têm à disposição um equipamento que aplica o anestésico em velocidade constante e em uma temperatura semelhante à do corpo. Esse processo faz com que quase não se sinta a aplicação. “Na injeção convencional, o que dói é a entrada do líquido. Quando é injetado manualmente, a velocidade nunca é constante e a temperatura é mais fria do que a do corpo”, explica o dentista Marcos Pinto, de São Paulo. Retirar o tártaro também é menos traumático. O que antes era feito com a raspagem do dente agora pode ser realizado com ultra-som. “As ondas explodem o tártaro. Não dói e não machuca a gengiva”, garante Pinto.
Mas é o laser a vedete dos consultórios. Ele vem sendo usado para diminuir a sensibilidade dentária de quem tem recuo de gengiva e no clareamento dental. Nesse caso, o tratamento é feito em três horas, sem dor. Muitos profissionais apelam ainda para instrumentos que diminuem a ansiedade dos pacientes ao permitir que eles saibam o que está acontecendo. O mais comum é filmar a boca do paciente e mostrar a ele o que será feito. “Entender o porquê do tratamento reduz o medo”, diz o dentista Luciano Krebs, de Brasília. Quem experimentou as maravilhas tecnológicas sabe que elas espantam o medo. “Cheguei a fugir da sala de espera de consultórios porque ouvi o barulho da broca. Hoje não sinto mais dor”, conta a estilista Lili Carvalho, de São Paulo. Contra o medo, aliás, há saídas inusitadas. Quem vai ao consultório de Maria José Moço, em São Paulo, é acalmado de maneira única. Ela canta enquanto trata seus pacientes. Além de ocultar o barulho, a cantoria distrai. E Maria José capricha no repertório de MPB de ótima qualidade. “Passar confiança e descontrair o momento do tratamento é fundamental. O meu canto desvia a atenção daquilo que eles têm medo. Alguns até me corrigem quando canto errado”, afirma.
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