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Com quatro estatuetas, incluindo melhor filme, o drama histórico britânico "O Discurso do Rei" foi o grande vencedor da 83a. edição do Oscar, em uma festa que não apresentou surpresas nas principais categorias e que teve como apresentadores os astros da nova geração Anne Hathaway e James Franco. Além de melhor filme, "O Discurso do Rei", que recebera 12 indicações, também levou os prêmios de diretor para Tom Hooper, ator para Colin Firth e roteiro original.

"A Origem", do britânico Christopher Nolan, também conquistou quatro estatuetas, mas todas técnicas – fotografia, efeitos especiais, edição de som e mixagem de som. "A Rede Social", de David Fincher, que mostra uma versão para a criação do Facebook, recebeu três prêmios: roteiro adaptado, trilha sonora e montagem. Já "Bravura Indômita", dos irmãos Coen, saiu da festa sem nenhuma estatueta, apesar das 10 indicações.

"O Discurso Rei" conta a história de como o rei George VI superou a gagueira com a ajuda de um terapeuta australiano, Lionel Logue – interpretado por Geoffrey Rush -, para liderar a Grã-Bretanha às vésperas da II Guerra Mundial. O longa conquistou a preferência da Academia de Artes e Ciências Cinematográficas. Pelo segundo ano seguido, o Oscar de melhor filme teve 10 indicados. Além de "O Discurso do Rei" concorreram "Cisne Negro", "A Rede Social", "O Vencedor", "Minha Mães e Meu Pai", "127 Horas", "Toy Story 3", "Inverno da Alma", "A Origem" e "Bravura Indômita".

Tom Hooper, indicado pela primeira vez ao Oscar, saiu vitorioso. Ele começou a carreira na TV britânica, antes de estrear no cinema em 2009 com "Maldito Futebol Clube". No agradecimento, Hooper felicitou os demais indicados: Darren Aronofsky (Cisne Negro), David O. Russel (O Vencedor), David Fincher (A Rede Social) e Joel e Ethan Coen (Bravura Indômita).

As categorias de interpretação também confirmaram o favoritismo dos vencedores das premiações anteriores ao Oscar. Firth venceu pela interpretação do monarca George VI e Natalie Portman, de "Cisne Negro, faturou o Oscar de melhor atriz pela interpretação da Nina Sayers, uma bailarina sexualmente reprimida cuja busca pela perfeição a deixa à beira da loucura no thriller psicológico dirigido por Darren Aronofsky. Os dois haviam vencido o Globo de Ouro, o Bafta e o SAG. "Estou muito agradecida por fazer o trabalho que faço", disse Portman, que está grávida e agradeceu aos pais. Ela estava ao lado do marido, o bailarino francês Benjamin Millepied. Firth, emocionado, afirmou no início do discurso de agradecimento que sua carreira havia alcançado o ápice. O inglês havia sido indicado ano passado por "A Single Man" e muitos consideram que ele foi injustiçado em 2010.

As categorias de coadjuvantes foram dominadas por "O Vencedor", com estatuetas para a Melissa Leo e o galês Christian Bale. O prêmio de Melissa marcou um dos grandes momentos da noite por ter sido apresentado pelo veterano Kirk Douglas, de 94 anos, reverenciado pela vencedora e pela plateia. "Toy Story 3" saiu da festa com dois prêmios, o de melhor filme de animação e o de canção original. "Alice no País das Maravilhas" também conquistou duas estatuetas: figurino e direção de arte.

Para o Brasil, a noite terminou em decepção, já que o documentário "Lixo Extraordinário" ("Waste Land"), produção anglo-brasileira, dirigida por Lucy Walker, João Jardim e Karen Harley, sobre o trabalho do artista plástico Vik Muniz com os catadores de lixo de Jardim Gramacho foi derrotado por "Trabalho Interno". "Trabalho Interno", de Charles Ferguson e Audrey Marrs, retrata os bastidores da crise econômica que explodiu no fim de 2008 nos Estados Unidos.

No agradecimento, Ferguson afirmou que o fato de nenhuma pessoa ter sido presa em consequência do escândalo pode ser considerado uma "fraude". No geral, a apresentação por dois atores jovens parece ter agradado, com muitas paródias de filmes, além de uma participação não anunciada de Billy Crystal, que já foi o apresentador do Oscar em oito ocasiões.