Depois do curto circuito causado pelo disco anterior, o eletrônico Programa, Lulu Santos resolveu revisitar suas origens. No meio dos anos 1970, quando saiu do grupo Vímana, ele caiu na gandaia da disco music, que, apesar dos Bee Gees, no início era bem negra. Bugalu, o novo álbum do cantor, compositor e guitarrista carioca é uma evocação destes dias dançantes. A nostalgia é a principal diferença entre Bugalu e Programa. Em ambos, o artista lidou com o mesmo material. Mas agora a intenção é mais castiça. Em Leite & mel, ele faz uma referência – para não dizer um plágio – do riff de On Broadway, de George Benson, um jazzman que flertou com a disco. Jahu, com a pegada havaiana característica de Lulu, e a agitada Rito pagão trazem a marca do Village People, grupo símbolo da diversidade sexual. E a festa não pára. Marcos Valle, que há muito eletrificou o que lhe
restava de bossa nova, é o parceiro em Língua presa. No mais, são roquinhos lulu-santificados, a exemplo de Raiô e Intoxicado, e um
toque eletro-lounge do produtor Memê na enigmática Chega d dogma.
Ao final, o ouvinte fica com a impressão de já ter ouvido tudo antes.
E ouviu. Assim como o próprio Lulu Santos, que está voltando para
(sua) casa outra vez.