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Venda do direito de transmissão dos jogos causa
racha entre os clubes e ameaça o campeonato brasileiro

Na mesma proporção em que é capaz de revelar craques, o futebol brasileiro é pródigo em confusões. A mais recente delas provocou uma ruptura entre os grandes clubes do País e pode causar estragos nos campeonatos nacionais que serão realizados nos próximos anos. O motivo é a negociação pelos direitos de transmissão do torneio pela tevê e por outras mídias, uma briga que envolve, além dos times, três grandes emissoras e a Confederação Brasileira de Futebol (CBF). O nó começou a ser atado quando o presidente do Corinthians, Andrés Sanchez, anunciou o desligamento de seu time do Clube dos 13, entidade que reúne as maiores forças do futebol e as que detêm as torcidas mais numerosas. “Não precisamos do Clube dos 13 para negociar com as emissoras”, diz Sanchez. O grupo dos descontentes foi engrossado por Flamengo, Vasco, Botafogo e Fluminense, que anunciaram na semana passada que também pretendem acertar contratos de transmissão dos jogos diretamente com as emissoras, sem a intermediação de ninguém.

Esses times alegam que, sem o Clube dos 13, podem obter contratos mais rentáveis. Por determinação da entidade, o valor mínimo que uma emissora deve pagar por ano para levar o campeonato é R$ 500 milhões. Nos bastidores, é sabido que a Globo, atual detentora dos direitos do campeonato, não quer desembolsar mais do que isso. O problema é que a Record, segundo fontes ligadas ao futebol, já teria preparado uma proposta de R$ 800 milhões anuais. Seria, portanto, mais do que óbvio pegar a oferta maior. Mas não é bem assim. Ricardo Teixeira, presidente da CBF, pretende manter o contrato com a Globo, desejo compartilhado principalmente com Corinthians e Flamengo, times de maiores torcidas do Brasil. Por que eles querem receber menos? A justificativa é que a Globo proporciona maior audiência (em 2010, os jogos transmitidos no domingo à tarde tiveram média superior a 20 pontos do Ibope, mais do que o dobro da audiência da Record no horário), tem expertise na transmissão dos jogos e abre generoso espaço ao futebol em toda a sua programação. Com maior visibilidade, os times poderiam cobrar mais por patrocínios de camisa e no final das contas acabariam lucrando mais. A briga deve durar até o final de março, prazo-limite para a definição do nome da emissora que vai transmitir o futebol a partir de 2012.

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