Um grupo de pesquisadores do Instituto de Física de São Carlos, da USP, desenvolveu um software que é uma importante ferramenta no desenvolvimento de cidades na questão da acessibilidade tema especialmente lembrado quando se fala de cadeirantes. Esse é um dos pontos mais críticos em qualquer processo de planejamento urbano. Em primeiro lugar, o novo programa de computador transforma o mapa da cidade escolhida em uma estrutura composta de nós e ligações.
 
“Cada nó representa uma confluência de três ou mais ruas. Já as ligações entre os nós são as próprias ruas”, explica o professor Luciano da Fontoura Costa, um dos responsáveis pelo projeto. Em seguida, o potencial de cada nó é avaliado a partir de dois aspectos. Primeiro, o número de lugares- destino que podem ser alcançados por meio do nó é calculado. Depois, as diferentes maneiras de se chegar a cada um dos lugares-destino são analisadas.
 
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TECNOLOGIA AMIGÁVEL, o mapa de Londres gerado pelo software brasileiro: esperança de mais acessibilidade para todos

 
O segundo exame é fundamental porque evita que um nó seja avaliado fora de contexto, ou seja, sem levar em conta as diversas rotas que dão acesso a um mesmo ponto.
 
O software também possibilita a identificação dos efeitos de eventuais falhas de integração no sistema de transportes, um ponto decisivo para o deslocamento dos usuários pela rede, principalmente aqueles com necessidades especiais. “Na cidade de São Paulo, por exemplo, a integração entre trem, metrô e ônibus foi feita de maneira desarticulada.
 
Quanto menor ela for, maior o congestionamento”, diz o urbanista Kazuo Nakano, do instituto Pólis. O debate da acessibilidade no Brasil é inevitável, sobretudo quando a Copa do Mundo e a Olimpíada já estão confirmadas no calendário. Como mostra o projeto desenvolvido pela USP, a tecnologia pode ajudar e muito na solução do problema.
 
 
Um Projeto Espanhol no Brasil
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Idealizado em 2005 pelo artista espanhol Antoni Abad, o projeto Accessible (“Acessível”) produziu mais de dez mil fotos feitas por 40 cadeirantes de Barcelona ao longo de dois meses (à dir., uma dessas imagens). Os registros foram reunidos em um mapa interativo que mostra a acessibilidade da cidade. A experiência foi repetida em Genebra, na Suíça, três anos depois.

“A articulação de um grupo de pessoas com mobilidade limitada e a conscientização da sociedade para o problema da acessibilidade são os principais frutos do trabalho”, diz Abad. Ele esteve em São Paulo na semana passada, onde existe a possibilidade de implementação do mesmo projeto, ainda em estudo.