Silenciosa e rapidamente, uma nova mania está invadindo o País. É um jogo daqueles que viciam desde a primeira tentativa, mesmo sem a tecnologia hipnotizante dos games de tevê e computador. Chama-se sudoku (a pronúncia é sudóku) e para ser jogado não requer mais que uma caneta e algum raciocínio, no estilo do bom e velho desafio das palavras cruzadas. A invasão começou há um mês, quando duas revistas especializadas e dois livros com dezenas de jogos foram lançados no Brasil e o jornal O Estado de S. Paulo adotou o jogo como diversão para seus leitores. O sudoku consiste em preencher uma grade de 81 espaços com números de 1 a 9, mas sem repetir os algarismos nos quadrantes, nas linhas e nas colunas. “É um interessante desafio à lógica”, diz o programador visual Luiz Fernando Gomes, 28 anos, que há um mês começou a preencher os quadradinhos e não parou mais. A dona-de-casa Maria Isabel Leandro, 45 anos, já conhecia o jogo há três anos, com outro nome. “Meu marido, meu filho e minha filha também adoram”, explica ela. No jogo mais longo, Maria Isabel e o marido passaram um dia inteiro empenhados em resolver um sudoku de nível difícil. A mania já tomou conta dos Estados Unidos e da Europa, onde há versões de sudoku em play station e para celulares. No Japão, cinco revistas do gênero vendem 600 mil exemplares mensais.

Depois de uma pesquisa de interesse, a Ediouro, conhecida pela publicação de palavras cruzadas e outros passatempos do tipo, criou dois produtos com o sudoku – uma revista com 40 mil exemplares mensais e outra com 30 mil. A Versus, editora de Campinas, lançou em setembro o livro Sudoku Puzzles 100, com tiragem de 200 mil exemplares, e está preparando nova fornada. “Já esperávamos essa receptividade, pois esse livro é best-seller na Inglaterra e no Canadá”, diz Pamela Zanutello, assistente editorial da Versus. A professora Linda de Souza, 35 anos, usa o jogo com seus alunos. “Eu recomendo a eles os níveis mais simples e eles gostam muito”, conta. O sudoku pode ser jogado por aficionados de todas as idades. “É viciante”, afirma Livya Caldas, 14 anos. O jogo foi criado no século XVIII pelo matemático suíço Leonhard Euler, recebeu o nome de Quadrados Latinos e foi esquecido. Na década de 70, foi levado para o Japão, onde acabou rebatizado. No ano passado, o neozelandês Wayne Gould criou um software que passou a gerar vários desafios de sudoku para o jornal americano Conway Daily Sun, de New Hampshire. A partir daí, virou febre em vários países. O Brasil é mais um entre eles.