18/02/2011 - 21:00
SONECA
Hibernar como o urso pode viabilizar longas viagens
espaciais, como no filme “2001: Uma Odisseia no Espaço”
Os ursos podem nos levar para planetas distantes. A inusitada conclusão é de um estudo publicado na mais recente edição da prestigiada revista especializada “Science”. Cientistas descobriram que, durante a hibernação, o urso preto americano pode reduzir seu metabolismo em até 25% com uma pequena queda da temperatura corporal. O estudo pode ser o caminho para que possamos imitar esse processo com a ajuda de drogas e, quem sabe, suportar viagens espaciais mais longas. Essa é a realidade do filme “2001: Uma Odisseia no Espaço”, de Stanley Kubrick, em que os astronautas dormem por anos até chegar ao seu destino. Além disso, a pesquisa pode ajudar no desenvolvimento de novos tratamentos médicos.
O resultado do estudo é inesperado porque, normalmente, os processos químicos e biológicos de um organismo se tornam cerca de 50% mais lentos para cada 10°C a menos na temperatura corporal. Os ursos pretos conseguem reduzir o metabolismo a níveis muito parecidos, mas com uma queda de meros 5,5°C. Eles passam até sete meses hibernando dentro de cavernas sem comer, beber, urinar ou defecar. Mesmo depois de acordar, seu corpo segue funcionando lentamente por semanas.
“Médicos já podem reduzir a temperatura corporal de vítimas de derrame ou ataque cardíaco para desacelerar seu metabolismo e prevenir novos danos”, disse à ISTOÉ Øivind Tøien, pesquisador da Universidade do Alasca (EUA) e líder do estudo. “Porém, existem complicações associadas à técnica, principalmente se a temperatura for reduzida a menos de 30°C.” Segundo o cientista, uma droga que reproduza em humanos o que acontece com os ursos poderá reduzir tais efeitos negativos.
O mesmo poderia ocorrer durante longas viagens espaciais, em que a capacidade de carregar suprimentos dos veículos é limitada. Tøien diz que essas são as mesmas condições que levam os ursos a hibernar. “Há pouca comida durante o inverno e eles precisam economizar energia”, diz. “Causar esse efeito em humanos pode ajudar a ir a outros planetas e além.” E pensar que a viagem pode começar com alguns ursos dorminhocos.