Assista a vídeo que mostra como o equipamento produz objetos de todo tipo :

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A coisa toda é muito simples. Primeiro, pegue aquela caneca de estimação, que você guarda com carinho na prateleira mais alta do armário da cozinha, e coloque-a em seu scanner 3D. Depois de digitalizar o objeto e checar sua imagem tridimensional no monitor do computador, simplesmente aperte “print”. Alguns minutos depois, você terá em suas mãos uma réplica perfeita e em tamanho real, feita de cerâmica, plástico ou metal.

A tecnologia por trás do processo, batizada de prototipagem rápida no início da década passada, baseia-se na sobreposição de camadas finíssimas de matéria-prima em pó, solidificadas com a aplicação de compostos líquidos ou lasers (leia o quadro Como funciona). Essa tecnologia inaugura a era da customização total e ainda abre possibilidades que estão mudando a forma como as grandes indústrias administram suas cadeias produtivas. Mais: mentes inquietas, como as de artistas e inventores, podem dar forma às suas novas ideias instantaneamente. Praticamente não há limites para a inovação no design, por exemplo.

A queda nos preços das impressoras 3D e a sua consequente penetração junto a consumidores comuns são as principais razões que movem a nova onda do “faça-você-mesmo” digital, mas não são as únicas. A revista britânica “The Economist”, uma das mais respeitadas do mundo, dedicou a capa da sua mais recente edição ao tema. De acordo com a análise da publicação, a tecnologia tem dois efeitos profundos.

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PASSO A PASSO
As fotos detalham o processo de fabricação da caixa externa de
uma câmera de vídeo portátil em uma impressora 3D
 

O primeiro está no setor industrial, que já se beneficia com a redução dos custos de desenvolvimento de protótipos e do desperdício de matéria-prima. Em vez de usar fornos fumegantes para fabricar as peças de titânio de seus aviões, a Boeing, por exemplo, já conta com a ajuda de impressoras 3D de grande porte – que podem custar até US$ 1 milhão – para criá-las sob medida. Já a fabricante de calçados Timberland mudou de vez a forma como cria seus modelos. Se antes ela gastava perto de US$ 1.200 e esperava uma semana pela confecção do protótipo de uma nova sola de sapato, hoje ela investe US$ 35 e uma hora e meia de trabalho para chegar ao mesmo resultado.

Mas o melhor da história está do outro lado do balcão, já que o modo como adquirimos objetos como peças de decoração, brinquedos e até mesmo aparelhos eletrônicos (vide a câmera de vídeo que ilustra esta página) deve mudar sensivelmente. Há quem aposte que em breve poderemos ter a opção de pagar pelo download dos arquivos tridimensionais desses produtos, que ganharão forma em impressoras 3D caseiras. Hoje, o modelo mais barato à venda nos Estados Unidos custa
US$ 5 mil, o mesmo preço de uma impressora de jato de tinta em meados dos anos 80. “Essa tendência já é uma realidade”, diz Cecília Amélia Zavaglia, pesquisadora e professora de engenharia mecânica da Unicamp.

Uma das responsáveis pelo laboratório da universidade equipado com impressoras 3D, Cecília conta que trabalha com a tecnologia há cerca de dez anos. Testemunha ocular da evolução dos equipamentos, ela se especializou na fabricação de próteses médicas e odontológicas. “Atuamos com a faculdade de medicina e fornecemos peças que reproduzem ossos delicados, como os da face”, diz a professora.

Infelizmente, um aspecto sombrio desta história já preocupa. Assim como a troca de arquivos em MP3 praticamente acabou com a indústria fonográfica, as impressoras 3D podem inaugurar uma era de pirataria desenfreada de objetos de todo tipo – e preço. Cópias podem começar a pipocar por todo o planeta sem que seus criadores recebam um centavo por elas. Caso isso ocorra, cabe lembrar que o bom-senso, algo raro no terreno praticamente sem lei da internet, deve reger o comportamento do consumidor. Com tantas possibilidades à mão, valerá muito mais a pena deixar a criatividade aflorar em frente ao computador.

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