A humilde São João de Meriti, no Rio de Janeiro, ficou pequena demais para Ana Lúcia Bezerra Bandeira quando ela foi trabalhar como doméstica no bairro de Copacabana. Tinha então 17 anos. Copacabana ficou pequena demais quando Ana Lúcia, sete anos depois e sete meses de gravidez, foi morar na Itália. O tempo foi passando, veio o segundo filho, veio a separação do marido italiano, mas não vieram mais cartas dela para a família na pequena Meriti. No dia 19 de junho desse ano, feito uma aparição, Ana Lúcia bateu no portão de sua casa de infância – veio acompanhada de um policial italiano que lhe pagou a passagem, comeu feijoada com os pais, tirou a sorte nos búzios, fotografou o Cristo Redentor. Estava alegre mas irrequieta. Voltou para a Itália. E de novo não vieram mais cartas, até que no domingo 25 veio a notícia: Ana Lúcia, 31 anos, morreu. Algo em sua vida ficava a cada dia pequeno demais, algo como uma dose que não sacia se não crescer sempre, mais e mais. Ana Lúcia morreu de overdose de cocaína na casa do famoso ator italiano de novelas Paolo Calissano (foto), com quem teria um romance. Ele está preso.