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Miriam Quiroga

Ainda de luto pela morte do companheiro de 35 anos, o ex-presidente argentino Néstor Kirchner, e às vésperas da eleição presidencial que pode definir o legado político de sua família, a presidente argentina Cristina Kirchner se viu envolvida nesta semana em uma história de amor, traição e vingança típica de um bom tango portenho. Alegando ter sido demitida do Centro de Documentação da Casa Rosada por ciúme, a ex-secretária de Néstor Kirchner Miriam Quiroga decidiu revelar os segredos de alcova que manteve com o ex-presidente argentino por mais de uma década. Se autointitulando a “Evita de Kirchner”, Miriam afirmou a uma revista semanal argentina que o caso não fora só longevo como também intenso e pouco escondido. “Era público que eu era amante de Néstor. Tive uma relação muito forte com ele”, disse a ex-secretária, que fez questão de posar para as fotos com um corte de cabelo muito semelhante ao da presidente argentina.

Envolvida em problemas políticos e econômicos e trabalhando de forma árdua para mostrar ao país que é capaz de governar sem o apoio do ex-marido, Cristina optou pelo silêncio. Não contestou as afirmações da ex-secretária do marido e não fez nenhum comentário sobre as razões pelas quais Miriam foi demitida do Centro de Documentação da Casa Rosada. Ao longo da última semana, Cristina tratou de mostrar mais preocupação com a economia do país, que até cresceu de forma significativa no ano passado, mas se vê ameaçada pelo retorno da inflação no país. De acordo com institutos independentes, a Argentina fechou 2010 com uma inflação de 26% e deve encerrar este ano perto dos 30%. Os números oficiais, auferidos pelo desacreditado Indec, apontaram uma inflação em 2010 de “apenas” 10%.
Em um país onde dramas amorosos envolvendo traição e vingança são tema central da música popular, poucos acreditam que o triângulo amoroso envolvendo os Kirchner e Miriam Quiroga terá algum impacto nas eleições presidenciais de outubro. Massacrada por sucessivas crises econômicas, a Argentina parece estar muito mais atenta ao desempenho das contas públicas do que aos dramas familiares de sua presidente. “Isso não afetará Cristina nas eleições. Do ponto de vista político, a repercussão desse fato será quase neutra”, diz Alberto Pfeifer, integrante do grupo de análise da conjuntura internacional da Universidade de São Paulo (USP). Para ele, o caso será tratado pelos argentinos como uma questão de foro íntimo da presidente.

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ALCOVA
Cristina não se manifestou sobre o fato de
Miriam Quiroga ter afirmado ser “a secretária de todos
os momentos” de Néstor Kirchner

A grande questão que será discutida em outubro, na verdade, é se Cristina tem de fato capacidade para comandar o país sem a presença de Néstor Kirchner, que até sua morte, em outubro, era considerado por muitos argentinos como o presidente “de fato”. Por enquanto Cristina tem se saído bem. Um levantamento recente mostrou que de cada dez argentinos seis aprovam seu governo e uma pesquisa realizada em janeiro pelo Centro de Estudos de Opinião Pública (Ceop) apontou que, se a eleição fosse naquela data, Cristina seria reeleita com 44% dos votos. Outubro está próximo e, apesar do revés amoroso, Cristina parece ter começado o ano bem.

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