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O presidente egípcio Hosni Mubarak e sua família viajaram para o balneário Sharm el-Sheikh, informou um porta-voz o partido no poder. "Ele está em Sharm el-Sheikh", afirmou o porta-voz do Partido Nacional Democrático, Mohammed Abdellah.

Pouco antes, fontes ligadas ao governo informaram que Mubarak e a família haviam deixado o Cairo nesta sexta-feira, mas sem deixar claro se haviam deixado o país ou tinham seguido para Sharm el-Sheikh. Essa viagem acontece no 18º  dia de uma gigantesca revolta popular que exige sua renúncia imediata ao cargo. Sua decisão de ir para esse balneário no Mar Vermelho, onde possui uma residência, deve fazer pouco para aplacar o clamor dos manifestantes.

"Saída honrosa"

O deputado trabalhista israelense Benjamin Ben Eliezer afirmou nesta sexta-feira que o presidente egípcio Hosni Mubarak comentou com ele, em uma conversa por telefone na noite de quinta-feira, pouco antes de seu discurso à nação, que está buscando uma saída honrosa. "Ele sabe que acabou, que é o fim do caminho. Só me disse uma coisa pouco antes de seu discurso, que procurava uma saída", afirmou Ben Eliezer à rádio militar. Ben Eliezer, que até recentemente foi ministro do Comércio e da Indústria, é considerado o dirigente israelense mais próximo de Mubarak, a quem visitou em várias ocasiões.
 

Exército

O exército do País anunciou nesta sexta-feira que garantirá as reformas democráticas prometidas pelo regime do presidente Hosni Mubarak, entre elas "eleições livres e transparentes", ao mesmo tempo em que pediu ao país que retorne à normalidade, advertindo contra qualquer ataque à segurança nacional.

Em um comunicado lido por um apresentador na televisão pública e por um coronel do exército para os manifestantes reunidos em frente ao Palácio Presidencial, o conselho supremo das forças armadas assegurou que garante as reformas prometidas por Mubarak, que na véspera anunciou sua intenção de manter-se no cargo apesar da rebelião, que exige sua renúncia.

Provocando a ira dos manifestantes, Mubarak afirmou que delegará poderes a seu vice-presidente, Omar Suleiman, mas não se afastará do cargo até setembro, quando ocorrerão as eleições gerais – para as quais ele prometeu que não se candidatará.
O exército indicou ainda que garantirá a organização de "eleições livres e transparentes, segundo as emendas constitucionais decididas" e advertiu "contra qualquer ataque à segurança da nação e dos cidadãos".

O conselho também "destacou a necessidade de um retorno ao trabalho nos estabelecimentos do Estado e de um retorno à vida normal", em um esforço para pôr fim à rebelião popular sem precedentes que há 18 dias exige o fim do regime de Mubarak.

Os manifestantes expressaram revolta pelo apoio dos militares à tentativa de Mubarak de permanecer no poder. As pessoas reunidas diante do palácio tinham a esperança de que os militares atuassem para derrubar o presidente de 82 anos, que está há três décadas no poder. Um deles tirou o microfone do oficial para criticar a atitude. "Vocês nos decepcionaram, vocês eram nossa esperança", afirmou, em meio aos gritos da multidão contra Mubarak. "Não, não, isto não é um golpe", protestou o coronel, antes de insistir que o Exército não tomaria o poder, mas se esforçaria para garantir que a vontade popular seja refletida no programa do regime civil.

Coincidindo com o feriado muçulmano, nesta sexta-feira – que já está sendo chamada de "Sexta-feira da Ira" pelos manifestantes – foi convocada um novo protesto após as orações do meio-dia (8H00 de Brasília), que deve ser gigantesco e cujo resultado provoca temores de uma nova onda de violência.

Na Praça Tahrir (Libertação) do Cairo, centro nervoso dos protestos contra o regime de Mubarak, milhares de pessoas passaram a noite na rua indignadas com a obstinação do presidente, que se agarra ao poder. O número de barracas na praça aumenta a cada dia. Durante a madrugada, os manifestantes discursaram e gritaram frases contra o regime.