Cheeseburger, hot-dog e milkshake; spaghetti, roast-beef e petit gateau; kafta e strudel. Milhões de brasileiros talvez nunca tenham falado os idiomas aos quais pertencem essas palavras, mas, certamente, já consumiram vários desses alimentos. Enquanto isso, pratos que representam as raízes do País (leia abaixo) parecem estrangeirismos na própria terra. E é exatamente pelo desconhecimento e baixo consumo que correm risco de desaparecer dos cardápios. Dão pouco lucro e, para agravar, exigem colheitas mais complexas. São, por isso, alimentos em extinção.

Há instituições e pessoas preocupadas com isso e trabalhando para que pratos típicos e ditos "locais" não sumam das mesas. O movimento internacional Slow Food – uma associação sem fins lucrativos fundada em 1986, na Itália – catalogou 750 alimentos ameaçados no mundo, num compêndio chamado Arca do Gosto, dos quais 13 são brasileiros. Todos são tão escassos que até os restaurantes especializados – como Navegador, no Rio de Janeiro, e Tordesilhas, em São Paulo – têm dificuldade para mantêlos no cardápio.

Na Bahia, a experiência com o umbu pode ser um modelo para outros produtos. A fruta persiste graças ao trabalho da Cooperativa de Agropecuária Familiar de Canudos, Uauá e Curaçá (Coopecuc). A gerente comercial da Coopecuc, Jussara Dantas, acredita que em um prazo de cinco anos haverá flores e frutas em muitas das 16 mil mudas já plantadas nos três municípios. "Estamos fazendo um trabalho ambiental com a produção de mudas de umbuzeiros", diz Jussara. Por fim, mas não menos importante: esses alimentos ameaçados de extinção são deliciosos.

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