07/02/2011 - 19:31
O incêndio que destruiu as fantasias e alguns carros alegóricos e praticamente retirou da competição a Acadêmicos do Grande Rio, Portela e União da Ilha, não consumiu o ânimo das comunidades destas três escolas de samba que prometem fazer de tudo para aprontarem o desfile em menos de 30 dias. Eles sabem que não terão chances na disputa, mas não querem a escola fora da passarela do samba.
"Vamos entrar com garra, não vamos deixar a peteca cair. Faço 60 anos no dia 8 de março e vou comemorar quando a nossa Grande Rio entrar na avenida", promete Maria das Graças Pereira da Costa, 59 anos, há 22 desfilando na escola de Duque de Caxias, e hoje uma das 85 baianas cujas fantasias foram queimadas. Para levar a escola ao desfile da madrugada de terça-feira de carnaval, ela diz que os componentes trabalharão dia e noite nestes 30 dias: "Vamos fazer o carnaval acontecer. Nosso patrono, o senhor Jayder Soares, não nos faltará", afirma a baiana depositando suas esperanças no bicheiro que mantém a escola.
As três escolas contam com a solidariedade das chamadas comunidades, que vão desde os seus componentes históricos, patronos, patrocinadores, ao comércio dos bairros onde estão instaladas e até mesmo às demais concorrentes.
A União da Ilha, por exemplo, segundo seu presidente, Ney Filardi, na manhã de desta segunda-feira já tinha a promessa de 30 máquinas de costura de um amigo da escola e de um galpão vazio, defronte a sua quadra, para remontar o ateliê das fantasias. Tânia Lucia Garcia, que desde julho comandou 60 costureiras montando as 2.300 fantasias queimadas, sabe das dificuldades, mas lembra o carnaval de 1999. Naquele ano um incêndio também destruiu as fantasias do enredo "Barbosa Lima, 102 anos, o sobrinho do Brasil", com menos de 30 dias para o desfile. "Refizemos o carnaval. Foi renascer das cinzas, uma luta, mas conseguimos e vamos repetir agora", promete.
Já a portelense Rita Santos, 55 anos, desde os cinco anos frequentando a quadra de Madureira, prevê a ajuda das demais escolas . "O samba hoje é um grande espetáculo e até para quem participa não é bom que haja escolas sem desfilar. Não podem deixar três escolas de fora, por isto todas vão ajudá-las a entrar na avenida", disse. Confirmando esta "solidariedade" ao seu lado estava o salgueirense Nivaldo Ribeiro Rocha, de 52 anos: "jamais desfilei pela Portela, mas vim aqui prestar solidariedade e ajudar como for possível".