Quem conta a história, que é lenda, é o escritor Ignácio de Loyola Brandão: o advogado Pinheiro Neto era tão “rígido” que costumava passar um algodão no rosto dos demais sócios de seu escritório, um dos maiores da América Latina no ramo empresarial. Se no algodão aparecesse algum pelinho, ele mandava o colega fazer a barba novamente. Se a história do algodão é folclore forense, a rigidez e a ousadia foram de fato duas marcas de José Martins Pinheiro Neto, que morreu em São Paulo na quarta-feira 21, aos 88 anos, de broncopneumonia. Ele fundou o seu escritório em 1942: um sócio e uma secretária. Agora, ao morrer, deixa o legado de um verdadeiro escritório-empresa: 62 sócios, 238 advogados, 191 estagiários, 144 funcionários gerais. Pinheiro Neto criou a cobrança de honorários por hora, tornou extremamente profissional a relação dos advogados com os clientes, modernizou a profissão. “Ele deu uma nova dimensão ao conceito de escritório de advocacia, antecipando em muitas décadas as necessidades de um mundo globalizado”, disse o ministro da Justiça, Márcio Thomaz Bastos.