Responda rápido: entre os seus aparelhos eletrônicos, qual é aquele sem o qual você não sobreviveria? Se a resposta foi telefone celular, saiba que como você existem outros 52,4 milhões de brasileiros que não dão um passo sem ele. O aparelho está no bolso de uma em cada quatro pessoas, dado que coloca o País no sexto lugar do ranking mundial de uso de telefone móvel. Em cinco anos, mais da metade da população terá se rendido ao pequeno e poderoso objeto de desejo.

Esse boom deve-se a duas razões principais:
os aparelhos, mais atraentes e cheios de recursos, e a vasta gama de serviço oferecida pelas operadoras. Ambos foram impulsionados pela entrada da tecnologia GSM (sigla em inglês de Sistema Global para telefone Móvel), amplamente utilizada na Europa e que chegou ao Brasil há dois anos pelas mãos da Oi, operadora do Grupo Telemar. Foi seguida pela italiana TIM e mais recentemente pela mexicana Claro, que viram nessa tecnologia um meio de atrair mais clientes. O GSM usa um chip para armazenar as informações do cliente, o que facilita a troca de aparelho. Basta transferir o chip de um telefone para outro, sem precisar repassar toda a agenda e outros arquivos. A Vivo, líder no ramo, permanece operando em CDMA, uma das outras três tecnologias existentes.

Cerca de 70% dos celulares que circulam por aí oferecem poucos recursos, mas dentro de três anos os modelos multimídia estarão mais acessíveis, popularizando os telefones com tela colorida, câmera fotográfica, filmadora, tocador de música em formato mp3 e acesso à internet – especialistas crêem que a internet chegará às classes mais baixas via celular. Os fabricantes criam modelos para todos os gostos e cada um investe numa característica. A arma de sedução da Motorola, por exemplo, é a música. “É um forte atrativo para os jovens, que lançam tendências”, diz Fernando Ambrósio, gerente de marketing. Uma vez com o aparelho na mão, o usuário vira dj. No modelo V600, que pode levar uma roupagem decorada com cristais Swarovski, o aplicativo motomixer transforma o telefone em mini-pick-up que remixa canções em formato mp3 e toques de campainha.

Pioneira em vendas de aparelhos celulares com câmeras fotográficas embutidas, a Sony Ericsson investe na máxima “imagem é tudo”. No modelo S700i que será lançado ainda este ano, a resolução das câmeras chega a 1,3 megapixel, o que permite uma boa impressão da foto em tamanho comum. Outra aposta da empresa são os games de peso. O jogo de corrida para Playstation V-Rally, disponível no modelo Z600, torna-se mais emocionante com o joystick com efeito vibrador, que é acoplado ao telefone. Já a Siemens é reconhecida pelo design de seus aparelhos, com formatos inovadores e arredondados. O modelo SL55, aberto com o deslizar de uma metade sobre a outra, foi vencedor do prêmio europeu Industrie Forum. Além de elegante, é supercompacto, mede seis centímetros.

A LG, que também prima pelo design, tem investido no aprimoramento de tecnologias. As câmeras fotográficas passarão a vir equipadas com imagem de alta resolução, flash, zoom e até disparo sequencial, para efeito de quadros de cinema. Já a Nokia, dona de mais de um terço do mercado mundial, aposta nos telefones inteligentes. O top da linha é o 6600, que chega ao Brasil em agosto. Com seis megabytes de memória, vem com máquina fotográfica equipada com zoom que aumenta a imagem em até quatro vezes. Grava vídeo, voz, tem conexão com a internet por infra-vermelho e compatibilidade com impressoras para a impressão de imagens e anotações. A brasileiríssima Gradiente também investe em modelos com câmera, filmadora, tela colorida e transmissão de dados. Outro ponto forte é a durabilidade de seus produtos. Para os usuários, isso parece ser o de menos. Trocam de aparelho com tanta rapidez que mal têm tempo de ter problemas técnicos. No Brasil, a média de permanência com o mesmo telefone é de 18 meses, número que deve chegar a um ano, o mesmo padrão europeu.

Ringtones – A procura por novidades é tanta que há empresas especializadas em fornecer conteúdo para as operadoras. Atualmente, esse ramo movimenta por ano US$ 2,3 bilhões em todo o mundo. As opções vão de envio de notícias, download de imagens e de vídeos, a toques de campainha. Calcula-se que até o final do ano sejam feitos 70 milhões de downloads de campainhas no Brasil, imprimindo ao famoso “triimm” um ar obsoleto. O número é ainda mais surpreendente se levarmos em conta que apenas três em cada dez telefones em uso no País são capazes de receber serviços como esse. A empresa líder no Brasil é a Takenet, fundada em 1999 e, apesar do nome, genuinamente nacional. Na sede em Belo Horizonte, músicos compõem adaptações para canções de sucesso. A mais pedida pelos usuários no mês de junho foi a trilha do filme Titanic, My heart will go on, que acaba de ganhar a sua versão em campainha. Além dos ringtones, como são chamados os toques, há ilustradores criando imagens para fundo de tela com personagens como o Homem-Aranha e o ogro Shrek.

O mercado promete esquentar com a entrada
da gigante Mobile Streams, que iniciou em janeiro
suas operações no Brasil. Ela traz a novidade dos ringbacks, músicas diferenciadas de fundo que se ouvem enquanto a chamada é completada. Ligações
de negócios podem ser recebidas pela música
Dinheiro
, do Ultraje a Rigor. E os parentes podem escutar Família, dos Titãs, enquanto aguardam na
linha. Outro lançamento é o truetone, um toque de campainha que, em vez de adaptar uma canção
ao som eletrônico, reproduz a própria canção em
formato mp3. “Assim como os aparelhos, os serviços também estão cada vez mais personalizados”, observa Lucas Longo, diretor de negócios da Mobile Streams. “As pessoas buscam músicas que tenham a cara delas, que mostrem a sua maneira de ver o mundo, assim como fazem nos aparelhos”, completa.