Imagine viajar para fora do Brasil e desfrutar de um roteiro de férias que reúna cultura, compras, passeios, boa gastronomia, tradição, badalação e luxo. E, mais, voltar para a rotina brasileira sem dores no bolso. Parece sonho? Não é. Buenos Aires é uma realidade que há muito vem encantando os brasileiros. As vantagens de visitar a capital argentina parecem infindáveis. A viagem é curta – dura cerca de duas horas saindo de São Paulo –, a moeda equivale ao real (R$ 1 corresponde a 96 centavos de peso argentino), as paisagens são belas e os programas no inverno ficam ainda mais atraentes. As baixas temperaturas intensificam os ares europeus da cidade portenha. Nesta época do ano, nossos rivais no futebol vestem-se e comportam-se como se estivessem em Paris – ou na Paris latina como gostam de dizer – e enchem os olhos até do mais desatento turista.

Os números das agências de turismo mostram que não são poucas as pessoas interessadas em visitar o país vizinho. Só a CVC, uma das maiores empresas de turismo do Brasil, leva em média 800 brasileiros, por semana, para Buenos Aires. “Esse percurso é muito solicitado, não só pelo preço do pacote que custa em média, US$ 338 (cerca de R$ 1.014) por pessoa, para um final de semana, mas também pelo que é possível usufruir lá sem gastar muito. Um jantar para casal, por exemplo, custa o equivalente a R$ 70, incluindo um bom vinho”, conta Luís Soto, gerente comercial da CVC para a América do Sul e o Taiti.

Outra prova de que o turismo está movimentando a economia argentina é a lotação dos hotéis, inclusive os cinco-estrelas. A procura por esse tipo de hospedagem é tamanha que, em breve, a cidade ganhará mais opções estreladas. A rede de hotelaria Hyatt está construindo seu mais novo endereço no histórico Palácio Duhau – um prédio histórico de 1920 em fase de restauração –, na região central. O hotel só será inaugurado em meados de 2005. Enquanto isso, seus futuros concorrentes festejam a demanda de turistas. De acordo com Cecília Bauza, relações-públicas do Hotel Park Tower, um dos mais elegantes de Buenos Aires, com diárias a partir de US$ 250 (cerca de R$ 750), a ocupação do hotel ultrapassou a média nos últimos meses. “Recebemos hóspedes do mundo inteiro. A procura tem aumentado e a expectativa é que, com a chegada das férias, esse número possa crescer ainda mais”, acredita Cecília. No refinado Hotel Sofitel, que fica na rua
Arroyo, no aristocrático bairro central de Retiro, não é diferente. Seu suntuoso lobby e seus aconchegantes quartos – com diárias a partir de US$ 240 (aproximadamente R$ 720) – estão sempre movimentados. “Hospedamos muitos executivos e casais. Grande parte deles são brasileiros à procura de conforto e requinte”, diz Leticia Lariviere, gerente de relações públicas do hotel.

Para atender seus seletos clientes, o Sofitel oferece fitness center com piscina coberta e climatizada e um dos melhores restaurantes da cidade, o Le Sud. A cozinha mediterrânea não atrai apenas os hóspedes, mas também muitos argentinos. Apesar de ostentar tantas estrelas quanto o hotel que o abriga, o Le Sud não tem preços abusivos se comparado com restaurantes similares de São Paulo. Um almoço sai por cerca de 40 pesos e os concorridos jantares custam perto de 70. Decorado em estilo retrô, o Café Arroyo é também badalado pelos argentinos. Com o intuito de aproximar ainda mais os estrangeiros dos hábitos nativos, o hotel Sofitel conta com pacotes de visitas e hospedagens intercaladas em estâncias bucólicas. A estância El Rocio, em San Miguel del Monte, fica a apenas 40 minutos da cidade e é uma das opções de qualidade. Na programação padrão – US$ 934 (cerca de R$ 1.902) por pessoa durante cinco dias, três em Buenos Aires e dois em El Rocio – pode-se usufruir da natureza, cavalgar nos pampas, experimentar a culinária regional e suas carnes, ou somente descansar na piscina. Contudo, há distrações adicionais, como o pólo equestre e o golfe, muito procurados por praticantes brasileiros. Mas é coisa para bolsos com muita plata.

Caso seu bolso não esteja assim tão recheado, não desanime. Os programas típicos de Buenos Aires são em grande parte bem acessíveis. Passear a pé pelas ruas limpas e arborizadas, observando a bela arquitetura da cidade, predominantemente francesa, e conhecer monumentos históricos como a Praça de Mayo – palco de grandes manifestações – não custa nada e é, sem dúvida, compensador. Há ainda o bairro La Boca, criado por imigrantes italianos, que preserva casas simples e coloridas herdadas de seus fundadores. Entre as ruas de pedras do bairro italiano, a Caminito é a mais famosa. Lá, dançarinos de tango e artistas anônimos vestidos a caráter apresentam canções de Carlos Gardel. Ao mesmo tempo, artesãos expõem e vendem seus trabalhos.

Nos tradicionais bairros San Telmo e Palermo, há lojas de moda alternativa e de decoração com preços convidativos. Para quem pode gastar mais ou quer apenas deslumbrar os olhos em vitrines de luxo é só ir a Recoleta ou ao shopping Patio Bullrich, no centro. Praticamente vizinhos, esses pontos comerciais concentram grifes internacionais como Christian Dior e Giorgio Armani. O endereço certo do luxo e da alta moda. Já um banho de cultura pode ser tomado no Malba (Museu de Arte Latino-Americana de Buenos Aires), também nas proximidades. Entre as obras do museu está o Abaporu de Tarsila do Amaral, além de quadros de Portinari e Di Cavalcanti. Mais clássico, mas de forma alguma descartável, o histórico Teatro Colón também é uma ótima pedida cultural.

Outra alternativa típica é conhecer a casa de tango El Querandí, próxima à Praça de Mayo. Uma visita imperdível. Todas as noites é possível saborear o jantar assistindo a um contagiante show de Tango com música ao vivo. Os pés-de-valsa que não dominam a dramaticidade da dança podem tomar aulas com os bailarinos do corpo de baile da casa. A agência Natural Mar de São Paulo tem pacotes a US$ 500 (cerca de R$ 1.500) por pessoa, com duas horas de aulas no El Querandí, hospedagem, traslados, city tour, passagem aérea e café da manhã por dois dias.

Quem quiser conhecer a alma jovem argentina pode passear às margens do Rio da Prata, um ótimo lugar para paquerar e cair na balada. Para os mais moderninhos, o lugar é a boate Pacha, na costa norte da cidade. Com três pistas de dança de música eletrônica, a boate ferve até bem depois de o sol raiar. Às dez da manhã, ainda há muitos hermanos e hermanas bailando com disposição invejável na pista principal. Para entrar, pagam-se 20 pesos e, ao sair, ganha-se o nascer do sol na Costa Norte. Para quem prefere fugir do bate-estaca e ter a lua como testemunha da diversão, a dica é o Porto Madeira, um conjunto de antigos armazéns onde foram instalados cinemas, restaurantes, bares e discotecas. É lá que os chicos e chicas se encontram para o happy hour ou para esquentar os motores para a noitada. Os baladeiros de plantão devem reservar alguma energia para o dia seguinte, se forem capazes.