Antes de se renderem aos milagres da computação gráfica, os produtores de Garfield – o filme (Garfield – the movie, Estados Unidos, 2004), cartaz nacional na sexta-feira 16, procuraram por todos os cantos um felino cor de abóbora para encarnar o gato mais cool, egoísta e guloso do planeta. Não encontraram. Era preciso mais que um bichano acima do peso, que se arrasta preguiçoso pela sala enquanto lança aos outros um sonolento olhar de desprezo. Para felicidade dos fãs do personagem das tiras de quadrinhos – são 260 milhões de leitores ao redor do mundo –, a opção pela computação gráfica não compromete. Sem falar que, na versão original, Garfield tem a voz de Bill Murray, o que confere mais graça às tiradas sarcásticas. Na versão dublada em português, a voz é de Antonio Calloni.

Para dar um contraponto, o diretor Peter Hewitt quis que os outros animais fossem verdadeiros. Caso de Nermal, gato da vizinhança, e do divertido rival Odie, o cachorrinho que Jon (Breckin Meyer), dono do felino, leva para casa. Bem amestrado, o Odie do filme garante boas gargalhadas ao imitar Garfield dançando ao som de Hola, do grupo Baha Men. É por causa dos requebros sobre duas patas que ele ganha um concurso e passa a ser explorado por um apresentador de tevê desonesto. O enredo é meio banal e contribui ainda mais para a sensação de envelhecimento da fórmula, principalmente quando se pensa em animações imaginativas como Shrek e Toy story.