Relator da reforma do Judiciário, o senador José Jorge (PFL-PE) é um aplicado negociador, apesar de ser, por formação, engenheiro com mestrado em matemática. Entende pouco ou quase nada de direito. Acabou sendo fundamental para a aprovação, em primeiro turno no plenário do Senado, de um texto inovador, com controle externo do Judiciário, quarentena para juízes aposentados e súmula vinculante. José Jorge, na verdade, foi instruído pelo presidente do Supremo Tribunal Federal (SFT), Nelson Jobim. Trata-se hoje de uma figura quase tão poderosa quanto o próprio presidente da República, e não só porque preside um dos chamados Três Poderes. Jobim já indicou outros dois ministros para o STF, Ellen Gracie e Gilmar Mendes. O que ele pensa acaba quase sempre sendo o que decide o plenário do órgão nas grandes causas. Ex-deputado pelo PMDB, transita com facilidade por todos os partidos do Congresso, sendo amigo pessoal dos principais políticos do Brasil. Entre os quais o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso e o próprio Lula, que – depois de um ano às turras com o então presidente do STF, Maurício Correia – sabe agora a importância de adular o poderoso Jobim.