O cenário parece familiar: nomes estrelados disputam a bola em um extenso gramado verde com o objetivo de fazer gols. Mas no lugar de chuteiras há cavalos. Em vez de chutes potentes, tacos velozes. Trata-se de uma partida de pólo equestre ou hípico, esporte praticado por herdeiros, príncipes e admirado por seus companheiros também da elite. Os entusiastas pretendem agora que a modalidade esportiva siga o mesmo caminho que o golfe no Brasil. Ou seja, que fique mais conhecido e popular. No entanto, devido aos altos custos que a prática requer – é muito mais cara do que o golfe –, a intenção de patrocinadores e praticantes não é disseminar a modalidade, mas sim a admiração por ela. Em outras palavras, o desejo dos polistas é cativar mais apreciadores (público) e obter o reconhecimento que o esporte merece. Assim como acontece na Fórmula 1, numa escala menor.

No Brasil, a primeira ação do tipo aconteceu em São Paulo, no sábado 3, na Sociedade Hípica Paulista. Munidos de bons patrocínios – as mesmas marcas que apóiam o golfe –, Aluísio Ribeiro e o polista Rico Mansur, da agência de eventos Greatfinds, realizaram o 1º Polo Icons Brazil. O evento inspirado no Polo Icon
russo – que aconteceu em 2003 na Rússia em comemoração à primeira partida
de pólo jogada naquele país depois de 100 anos de proibição – trouxe para o
Brasil esportistas renomados como os argentinos Alberto Pedro Heguy, 63 anos, considerado o Pelé do pólo, e Horácio Segundo Heguy. A dupla argentina formou time com o roqueiro Supla – que não é adepto, mas já praticou o esporte – e com
um empresário indiano. No time adversário estavam os italianos Salvatore Ferragamo (herdeiro da marca) e Romulo Gianni junto com os brasileiros Rico Mansur e José Eduardo Kalil.

Na platéia de convidados, um misto de celebridades e entendidos. E as reações
dos reais interessados – muitos se perdiam no glamour do evento – comprovavam a teoria de Alberto Ferreira, diretor da Vivo Empresas, que patrocinava a exibição: “O pólo é um jogo muito bonito. E tem potencial para atrair um grande público. Nem todos têm condições de praticar, mas de apreciar todos têm”, explica.

Contudo, Aluísio Ribeiro da Greatfinds, ressalta que por enquanto não interessa ao pólo brasileiro atrair as massas. “Não queremos perder o status de jogo dos príncipes. Além disso, no Brasil não há infra-estrutura nem interesse de atrair público pagante, como acontece na Argentina”, diz ele. “Em Palermo, por exemplo, existem estádios de pólo para 20 mil pessoas. Mas a torcida de arquibancada é separada da dos convidados ilustres pelo campo”, completa Ribeiro. Elite é elite.