Todos os anos, centenas, milhares, de garotos sentam num kart sonhando um dia acelerar um Fórmula 1 ou então um bólido da americana Indy Racing League (IRL), as duas principais categorias do automobilismo mundial. Mas são poucos os que têm o privilégio de cair nas graças de um figurão do mundo das corridas. Esse foi o caso do brasiliense Victor Pedrosa. Aos 16 anos e com pouco mais de meio ano de carreira, o adolescente chamou a atenção de um arquiteto colombiano de 59 anos chamado Pablo Montoya. O senhor em questão é pai de Juan Pablo Montoya, piloto da equipe BMW-Williams de F-1. Pablo, ao lado do filho famoso, organiza o campeonato easykart nos Estados Unidos e na América Latina. Pedrosa é um dos grandes destaques da categoria. Nessa modalidade, todos os pilotos correm com o mesmo equipamento. Ou seja, vence quem tem braço e não quem leva mais dólares na carteira. Por isso, o elogio, ainda mais de quem veio, tem peso equivalente ao primeiro degrau do pódio. “É um piloto muito rápido. Apesar da inexperiência, é mais veloz do que muitos mais experientes que ele. É um garoto de futuro”, afirma um entusiasmado Pablo.

Victor nasceu em Brasília, passou parte da vida no Rio de Janeiro e mora há oito anos na Flórida, Estados Unidos. Enquanto a maioria da molecada começa a acelerar por volta dos dez anos, Victor só iniciou a carreira aos 16. Foi quando o pai, representante de uma empresa de calçados brasileira no país, teve condições, leia-se dinheiro, para mandar o filho à pista. Victor tira o atraso com muito arrojo, garra e audácia. É do tipo que não espera o adversário cometer algum erro para ultrapassar. Seu negócio é ir para cima. “Por isso não gosto muito do Schumacher. Curto os caras mais agressivos, como o Senna. Hoje, me inspiro no Fernando Alonso (piloto espanhol da equipe Renault de Fórmula 1)”. Se bem que o exagerado ímpeto causou alguns contratempos. Para desespero de Rosângela, sua mãe, capotou duas vezes. Numa delas por forçar uma ultrapassagem e ser fechado. Por sorte saiu ileso dos acidentes. “Fui um pouco afoito. Mas estou aprendendo. Hoje conheço mais os limites do kart”, diz Victor. Nesse processo de amadurecimento, um estágio no Brasil é fundamental. Por isso, já participou de duas provas no kartódromo da Aldeia da Serra, nos arredores de São Paulo, e se prepara para disputar o Campeonato Brasileiro, que acontece de 13 a 17 de julho no mesmo circuito. “No Brasil, o nível é muito alto. Você aprende a ficar mais malandro na pista. Nos EUA, eles são muito certinhos. Qualquer coisa é motivo para punição.”

Líder do campeonato da Flórida de easykart e com boas participações no nacional americano, Victor sonha acordado com a Fórmula 1. Para isso troca qualquer balada ou cinema por um treino. Confessa que anda até meio sem tempo para namorar. “Mas tenho meus rolos, né.” Se conquistar o seu sonho, terá muito mais do que isso.