14/07/2004 - 10:00
Além de enfrentar o desgaste do governo Lula, a força do casal Garotinho e o favoritismo do prefeito Cesar Maia, o candidato do PT a prefeito do Rio de Janeiro, deputado Jorge Bittar, tem um obstáculo e tanto no campo da esquerda: a candidatura da deputada Jandira Feghali, do PCdoB. O lançamento de Jandira e a decisão do PSDB de tirar do páreo a deputada Denise Frossard mexeram no cenário eleitoral do Rio, que ainda tem o senador Marcelo Crivella (PL), líder da
Igreja Universal do Reino de Deus e segundo colocado, e o vice-governador Luiz Paulo Conde (PMDB), ex-prefeito apoiado pela governadora Rosinha Matheus e terceiro lugar.
Em 2002, Jandira teve 100 mil votos a mais do
que Bittar e só ficou atrás de Denise. Com 47 anos, ela é médica por formação e baterista nas horas vagas. Está entre os campeões de voto do Rio
desde 1986, quando o PCdoB surfou nas ondas do Plano Cruzado e se juntou a Moreira Franco (PMDB) contra Darcy Ribeiro (PDT). A comunista colhe agora apoios onde o PT mais perde: os dissidentes e descontentes com a ortodoxia da política econômica. Na semana passada, um grupo de militantes e cabos eleitorais que panfletavam para Bittar no Largo São José, centro, engrossou uma caminhada do PCdoB aos gritos de “Jandira”.
Estão com ela nomes importantes na luta interna do PT, perdida pelos radicais, e grande parte do núcleo da campanha de Lula para presidente em 1989. O presidente do BNDES, Carlos Lessa, participou do seminário que montou seu programa de governo e o reitor da UFRJ, Aloísio Teixeira, mergulhou na campanha com intelectuais reverenciados pelos petistas, como Leandro Konder, Carlos Nelson Coutinho, Cezar Benjamin e Reinaldo Gonçalves. “Não sou candidata de oposição a Lula, mas tenho independência para repor o debate nacional”, diz a rebelde do PCdoB.
Do outro lado, Cesar Maia adotou o estilo “paz e amor” para evitar polêmicas. Um escorregão do senador Crivella na semana passada pode render para o prefeito os votos que esperava para liquidar a fatura já em outubro. Com 47 anos, Crivella chamou Cesar Maia, 59 anos, de velho. O Rio tem a maior taxa de idosos do País, 13% da população, o que aumenta a saia-justa do candidato da Universal.
