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O ex-primeiro-ministro do Reino Unido Tony Blair admitiu nesta sexta-feira (21) que ignorou as advertências do procurador-geral do Reino Unido sobre a ilegalidade de invadir o Iraque sem o respaldo expresso da ONU ao considerar que se tratava de um conselho meramente "provisório". Em declaração por escrito à comissão que investiga o processo político que levou a Grã-Bretanha a participar da guerra, Blair explicou que pensava que o principal advogado do país mudaria eventualmente de opinião.

Em 14 de janeiro de 2003, e duas semanas depois, o então procurador-geral do Estado, Peter Goldsmith, advertiu o chefe do governo britânico de que a resolução 1441 da ONU não era suficiente para justificar o uso da força contra o Iraque (embora em 7 de março surpreendentemente tenha mudado de opinião). Blair argumentou que, naquele momento, "ainda não tinha pedido formalmente assessoria legal, nem ele (o Goldsmith) tinha chegado ao ponto de dá-la". "Por isso mantive minha posição de que não era preciso uma segunda resolução", explicou, na carta.

"Achava que, uma vez conhecido o histórico de negociações britânico, mas sobretudo americano, concluiria que a 1441 significava precisamente o que dizia: que Saddam (Hussein) tinha uma última oportunidade e que, se não o fizesse (provasse que seu país não armazenava armas nucleares), estaria infringindo as condições, o que por sua vez revivia anteriores resoluções que autorizavam o uso da força", acrescentou. Na terça-feira passada, Goldsmith disse perante a mesma comissão que o ex-primeiro-ministro o excluiu de deliberações importantes sobre a legalidade da Guerra do Iraque, algo que este admitiu ao afirmar que poderia tê-lo "incluído mais" no processo.