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ESPAÇO
Os gaúchos que criaram um simulador
apreciado pela Nasa

Durante uma semana, o gaúcho Kaíque Slongo, 11 anos, esteve no paraíso. Participante da quarta edição da Campus Party no Brasil, em São Paulo, ele pôde dedicar dias inteiros à sua grande paixão: os games. Vindo da cidade de Tapejara, no Rio Grande do Sul, Kaíque chegou à capital paulista depois de 15 horas dentro de um ônibus, acompanhado da irmã mais velha, que trabalhou para o evento – o maior do mundo sobre “inovação, ciência, criatividade e entretenimento digital”. Para alguém de fora desse mundo, a Campus Party não vai muito além disso: um encontro de aficionados por internet, computação e games. Para quem participa, porém, é uma oportunidade de encontrar pessoalmente amigos de outras partes do País e conhecer novas pessoas com os mesmos interesses.

É também o evento em que celebridades da web e especialistas compartilham suas experiências em palestras e workshops. Com isso, acaba atraindo tipos variados de nerds, com objetivos bem distintos. O estudante Bruno Carvalho, 20 anos, foi até lá para competir. Ele é adepto do modding – customização da CPU dos computadores, parte onde ficam os principais componentes da máquina. Há apenas cinco meses praticando o hobby, Bruno impressionou os visitantes com um boneco do Hulk que carrega placas, chips e fios enquanto pisa sobre um “prédio” de madeira e porcelana. “Independentemente do campeonato de modding, eu queria estar com pessoas que têm o mesmo interesse”, diz o universitário, que cursa licenciatura em informática em Aracaju, onde vive.

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FORÇA VERDE Bruno Carvalho e
seu computador disfarçado de Hulk
 

Há quem tenha viajado ainda mais para chegar ao evento. O mineiro Adir Magno de Souza vive há dez anos no México. Ele participou de duas edições da Campus Party naquele país e acredita que há uma diferença fundamental entre os participantes daqui e de lá. “No México, existe uma preocupação maior em adquirir conhecimento. As pessoas vão para assistir às palestras”, diz. “Aqui eu vejo cada um no seu computador navegando, baixando arquivos.”

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Os gaúchos que criaram um simulador apreciado pela Nasa
 

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Um dos coordenadores da área de mídias sociais do evento, Alexandre Inagaki vai além. “Assim como em casa, há quem entre na internet apenas para ver pornografia, aqui tem gente que veio só para uma palestra, ou para ficar jogando, ou ainda para programar em paz”, diz. “É um reflexo do que é a internet: pessoas diferentes com interesses diferentes”, analisa.

Além dos patrocinadores, que usam o evento para promover suas marcas, empresas que, no resto do ano, têm uma divulgação tímida também se aproveitam do evento. O analista de mídias sociais Heitor Ramon Ribeiro, por exemplo, trabalha para uma loja de games em Brasília. Durante o encontro, proporcionou a quem passava pela sua mesa a oportunidade de jogar o game Guitar Hero, no qual o jogador usa um controle no formato de guitarra. A estrutura era simples: um videogame e um computador. Além disso, ele postava constantemente no Facebook e no Twitter notícias do evento sob a perspectiva da empresa. “Foi uma maneira divertida de falar de games e da loja”, afirma.

No meio de tanta gente com tantos interesses, havia mesmo quem simplesmente passasse um tempo espairecendo depois de perder o emprego. “Fui demitida pouco antes de começar a Campus Party e vim para cá com alguns amigos”, disse a ilustradora Veridiana Cantelmo, de São Paulo. De cabelo roxo e cercada por homens vestidos de preto com personagens diabólicos na tela do computador, ela se revezava entre jogar e falar com outros “campuseiros” – como são chamados os participantes – pelo Twitter. Para encontrar alguém, nada de sair a pé procurando. “O que a gente precisa posta aqui e, rapidinho, alguém responde.” Retrato perfeito de uma geração.

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CONTATO Veridiana Cantelmo se
comunicou pelo Twitter no evento

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