A presidente Dilma Rousseff vai aos Estados Unidos em março. Não será sua primeira viagem internacional (no próximo dia 31 estará na Argentina), mas uma oportunidade crucial para medir o prestígio do País com o grande irmão  do Norte. Como Barack Obama vai recebê-la interessa a todos nós. Na diplomacia, gestos valem mais que palavras. Obama, anos atrás, disse que Lula era “o cara”, mas na prática tratou nosso ex-presidente (e, por consequência, o Brasil) de maneira mais fria do que seu antecessor, George W. Bush, não muito afeito a manifestações públicas de afeto. As posições de Lula sobre a questão nuclear do Irã têm peso nessa decisão. Mas será apenas isso? 

Na semana passada, Obama recebeu em Washington o presidente chinês, Hu Jintao. Da boca para fora, deu uma alfi netada, cobrando publicamente, mas de forma protocolar, mais respeito aos direitos humanos na China. Horas mais tarde, abria as portas da Casa Branca para um “jantar de Estado” em homenagem ao colega oriental, com a presença da nata política, empresarial e cultural americana. Na hierarquia dos símbolos, esse evento de gala é o que distingue os parceiros mais importantes. Jintao não é o primeiro líder chinês a receber tal regalia. Mas estava engasgada na garganta dos diplomatas de Beijing a desfeita que sofreu em 2006, quando teve de deixar o black-tie no armário ao visitar Bush. Sinal dos tempos. Na novíssima ordem mundial, os EUA têm de mostrar mais humildade e estender o tapete vermelho ao gigante asiático, mesmo que ele mantenha Liu Xiaobo, Prêmio Nobel da Paz em 2010, na prisão. Direitos humanos não estavam no cardápio naquela noite em que se brindou o crescimento econômico chinês (10,3%) e a assinatura de acordos bilaterais de comércio somando US$ 45 bilhões, ambos anunciados poucas horas antes. 

Obama não precisou dizer que Hu Jintao é o cara. Os gestos mostram a que nível os Estados Unidos elevaram sua parceria com a China. E em que categoria estará o Brasil? Nunca antes na história desse país um jantar de estado foi oferecido a um brasileiro. Dutra desfi lou de carro aberto em Nova York a convite de Harry Truman; FHC teve sua noite com Bill Clinton, é verdade, mas era uma coisa mais pessoal, sem tanta gala e pompa. Dilma será convidada para jantar ou tomará apenas um cafezinho no salão oval?