As gravadoras encontraram finalmente uma forma de enfrentar a crise que há tempo vem minguando seus lucros: passaram a investir pesadamente em luxuosas caixas de CDs com a obra de seus maiores artistas. Entre os lançamentos recentes estão os “boxes” reunindo o trabalho da banda Legião Urbana e dos cantores Tim Maia, Gal Costa, Itamar Assumpção, Beth Carvalho, Lobão e Zé Ramalho. A eles se somam Caetano Veloso, Ney Matogrosso, Raul Seixas, Jorge Ben Jor, Roberto Carlos, Cazuza e Simone, já merecedores da honraria. Não se trata de um fenômeno local: John Lennon e The Beatles também tiveram sua discografia “encaixotada” em embalagem de luxo. Mais do que prestar uma homenagem aos astros, essas caprichadas reedições funcionam como estratégia de sobrevivência em tempos de pirataria e baixa venda.

As gravadoras encontraram finalmente uma forma de enfrentar a crise que há tempo vem minguando seus lucros: passaram a investir pesadamente em luxuosas caixas de CDs com a obra de seus maiores artistas. Entre os lançamentos recentes estão os “boxes” reunindo o trabalho da banda Legião Urbana e dos cantores Tim Maia, Gal Costa, Itamar Assumpção, Beth Carvalho, Lobão e Zé Ramalho. A eles se somam Caetano Veloso, Ney Matogrosso, Raul Seixas, Jorge Ben Jor, Roberto Carlos, Cazuza e Simone, já merecedores da honraria. Não se trata de um fenômeno local: John Lennon e The Beatles também tiveram sua discografia “encaixotada” em embalagem de luxo. Mais do que prestar uma homenagem aos astros, essas caprichadas reedições funcionam como estratégia de sobrevivência em tempos de pirataria e baixa venda.

 

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Cinco Estrelas, próximos boxes vão trazer Milton
Nascimento, Elis Regina, Paulinho da Viola,
Maria Bethânia e Nana Caymmi

 

Outro fator que contribui para essa tendência do mercado é que hoje, com a democratização da tecnologia, ficou muito fácil gravar um disco de forma independente. Com isso, bandas e cantores estreantes têm trilhado o caminho solitário, sem o suporte de um selo famoso. Nesse cenário, a saída das gravadoras tem sido apostar em estrelas consagradas e em discos já “testados” pelo público – de preferência, relançados com farto material suplementar ilustrativo para atrair até mesmo os fãs que já têm os álbuns originais. “A indústria fonográfica vive de catálogo, esse é o seu maior patrimônio”, afirma Dado Villa-Lobos, guitarrista do Legião Urbana. “É natural que as gravadoras reeditem seus artistas e se mantenham no negócio.” Pesa também a favor o fato de que os custos de lançamento de um disco já conhecido é bem inferior ao investimento em novas produções. A cantora Gal Costa, por exemplo, sem produzir um álbum de inéditas há alguns anos, voltou à cena com o box “Gal Total” – uma relíquia que reúne 14 CDs.

A sambista Beth Carvalho vê outra vantagem: “É um estímulo para as gravadoras tomarem mais cuidado com o seu acervo. Antigamente, muita coisa se perdia por desleixo.” Diferentemente do que acontecia no passado, todos esses produtos ganham acabamento impecável e, não raro, incluem novos encartes, fotos desconhecidas, “takes” alternativos, DVDs com documentários ou apresentações ao vivo. O único ponto polêmico reside na publicação de material não liberado pelo artista. “Sou contra desencavar músicas inéditas. Na maioria das vezes, o homenageado não as lançou por não considerá-las de qualidade”, diz Lucinha Araújo, mãe de Cazuza. Para os fãs, contudo, quanto mais bônus, melhor. A edição comemorativa de “Ney Matogrosso – Camaleão”, com os 15 primeiros discos de sua carreira, conta com um disco de raridades, entre sobras de estúdio, fonogramas de compactos, registros ao vivo e músicas gravadas para trilhas sonoras. “São as obras originais que garantem o sucesso do lançamento, mas os extras o tornam com certeza mais atraente”, diz Alice Soares, gerente de marketing estratégico da gravadora Universal. Ou seja: em música, agora, o sinônimo para o antigo baú de raridades chama-se simplesmente caixa.