000_Was3653132.jpg 

 

O presidente chinês, Hu Jintao, chegou nessa terça-feira (18) a Washington para uma delicada visita de Estado, com uma agenda carregada de profundas diferenças no plano econômico, em termos de direitos humanos e em temas geopolíticos pendentes.
Hu foi convidado para uma ceia privada incomum na Casa Branca com o presidente Barack Obama, antes de iniciar a visita oficial propriamente dita. O presidente chinês receberá nesta quarta-feira honras militares, antes de uma nova conversa com Obama no Salão Oval, participando em seguida de um jantar de Estado – o terceiro concedido por Obama a um presidente estrangeiro em dois anos de presidência.

A presença de Hu pode representar o início de uma virada nas relações entre as duas potências – será sua última visita aos Estados Unidos antes de começar uma transição política na China, que chegará ao auge com a eleição de um novo líder, em 2013. Obama só poderá exibir durante o encontro uma pobre recuperação econômica, enquanto Hu chega montado num crescimento imcomparável, que estende o poderio chinês por todo o mundo.

Convergências?

A Casa Branca planejou a visita minuciosamente, sem se esquivar das áreas de divergência, mas ao mesmo tempo disposta a apontar um horizonte carregado de possibilidades para ambas as potências. A própria secretária de Estado, Hillary Clinton, afirmou semana passada que quer a ajuda da China para moderar a beligerância da Coreia do Norte.

Assine nossa newsletter:

Inscreva-se nas nossas newsletters e receba as principais notícias do dia em seu e-mail

Altos funcionários do Conselho de Segurança Nacional acham que a pressão sobre Pequim pode estar começando a trazer resultados. Hillary Clinton abordou abertamente semana passada o debate sobre se a China é um país aliado, um inimigo, um parceiro ou um competidor estratégico para seu país. "Ambos temos muito mais a ganhar com a cooperação do que com o conflito", advertiu Hillary.

Os direitos humanos seguirão, no entanto, como um dos eixos da diplomacia americana, explicou ela – uma declaração que voltará, sem dúvida, a irritar os altos dirigentes chineses, que veem nisso uma violação de sua soberania. O assunto é especialmente delicado, porque o sucessor de Obama como Prêmio Nobel da Paz, o chinês Liu Xiaobo, que recebeu a láurea ano passado, está preso por ter exigido reformas democráticas.

Washington criticou energicamente a detenção de Liu e elogiou o comitê do Nobel por esse prêmio arriscado, o que motivou uma furiosa reação de Pequim. A China também tem em sua agenda de contas pendentes a visita do líder espiritual tibetano, o Dalai Lama, a Washington, ano passado.

Economia

Entre ambos os países há também razões para otimismo, como a decisão chinesa de flexibilizar a cotação do iuane. Mas Hu também criticou o Federal Reserve americano por inundar a economia com 600 bilhões de dólares de liquidez depois da crise, segundo artigo que escreveu, reproduzido por Wall Street Journal e Washington Post. "A política monetária dos Estados Unidos tem grande impacto mundial e no fluxo de capital, pelo que a liquidez do dólar americano deveria ser mantido num nível estável e razoável", disse Hu.

Washington contra-atacou com o argumento de que a China manteve seu iuane durante anos a um nível artificialmente baixo para estimular a própria economia, o que prejudicou as exportações americanas e, também, a criação de empregos. "Pensamos que deve fazer mais quanto a sua moeda", disse nesta terça-feira o porta-voz da Casa Branca, Robert Gibbs.

O secretário do Tesouro, Tim Geithner, prometeu na semana passada que as críticas de seu governo seriam "sinceras". Além das diferenças econômicas e em matéria de direitos humanos, Estados Unidos e China devem chegar a um acordo sobre a proteção da propriedade intelectual e em temas militares. O secretário da Defesa, Robert Gates, viajou à China semana passada, mas foi recebido com o voo do primeiro bombardeiro furtivo chinês.


Siga a IstoÉ no Google News e receba alertas sobre as principais notícias