Carlos Magno

A cena que se desenhou nos céus de Criciúma, a maior cidade da região sul de Santa Catarina, na segunda-feira 3, fez com que seus moradores temessem o pior. Uma nuvem negra, em formato de cone, dançava nos ares enquanto varria o chão a uma velocidade superior a 150 quilômetros por hora destruindo tudo o que encontrava pela frente. Era o primeiro dos dois tornados que atingiram a cidade num intervalo de uma hora, deixando 180 casas danificadas, mais de 300 desabrigados, 25 feridos e uma pessoa morta. O fenômeno durou não mais do que 45 minutos. Tempo suficiente para causar pânico na população.

Há menos de um ano, no dia 28 de março, a mesma região foi atingida pelo Catarina, o primeiro furacão registrado em território nacional. A ventania de 180 quilômetros por hora devastou cerca de 26 municípios de Santa Catarina e do Rio Grande do Sul e causou um prejuízo de mais de R$ 1 bilhão. Os tornados da semana passada não tiveram a mesma força de destruição. Ao contrário de um furacão ou de um ciclone, que podem durar dias e atingir várias localidades, os tornados são menores. Eles possuem no máximo 100 metros de diâmetro e se dissipam em menos de uma hora.

Esta época do ano é propícia para o surgimento desse fenômeno. Os tornados ocorrem em áreas de instabilidades atmosféricas, quando massas polares encontram temperaturas altas, típicas da estação mais quente do ano. Exatamente como aconteceu em Criciúma. “Tornados no Brasil não são incomuns”, diz Marilene de Lima, meteorologista do Centro de Informações de Recursos Ambientais e de Hidrometeorologia de Santa Catarina. Há registros deste fenômeno também no Paraná, no litoral de São Paulo, em Mato Grosso, em Mato Grosso do Sul e em Goiás. Nem sempre divulgados. “Muitos atingem lugares desabitados, como campos de plantações”, diz Prakki Satyamurty, pesquisador do Centro de Previsões de Tempo e Estudos Climáticos (Cptec), do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe). Ainda é cedo para afirmar se essas ocorrências estão se tornando mais frequentes, mas, segundo Satyamurty, é bom ficarmos de olhos abertos.