Imagine-se em um dos mais conceituados restaurantes no topo de um edifício em Nova York. O maître oferece o menu e garante que todos os ingredientes de preparo dos pratos são colhidos ali mesmo. Esse é o futuro projetado por engenheiros e agricultores de diversos países, entre eles EUA, Itália e Canadá. Trata-se das chamadas “fazendas verticais”, que poderão possuir, por exemplo, em seu primeiro andar uma lanchonete na qual o café será feito a partir de grãos cultivados no terceiro piso. Já no elevador, o botão que levará ao sexto andar poderá indicar um pomar e o botão do décimo, o item verduras. O restaurante servirá peixes e frutos do mar que virão diretamente do nono pavimento. Tal projeto, que conquistou o entusiasmo de profissionais das mais diversas áreas, representa uma maneira de atender às necessidades da crescente população de um planeta com terras agricultáveis cada vez mais limitadas. Fala-se da Terra, é claro. “Chegamos a um ponto na ciência em que é possível cultivar plantas de maneira hidropônica (sem solo) em ambientes extremos”, diz Dickson Despommier, professor de agricultura vertical na Universidade de Colúmbia, em Nova York. “Se já cultivamos plantas na Estação Espacial Internacional, por que não fazê-lo em nosso planeta a uma altura de 40 andares?”

Os especialistas trabalham com a hipótese de que em dez anos “plantarão” nos EUA a primeira fazenda vertical. Em cada um de seus pavimentos, computadores e sensores conviverão com verduras e legumes. Um sistema de aquecimento e pressurização, apenas para citar uma característica, converterá esgoto em água e carbono para abastecer máquinas e fornecer energia elétrica. “Na minha fazenda de 59 andares o lixo será fonte de energia”, diz o arquiteto Gordon Graff, da Universidade de Waterloo, no Canadá. Na Itália, os também arquitetos Cristiana Favretto e Antonio Girardi pensaram na água do mar como fonte de abastecimento. A renda gerada por uma fazenda vertical de pequeno porte, com 12 andares, é de US$ 1 milhão ao ano, apenas com a venda de tomate e alface. Segundo dados da consultoria americana Weber Thompson, ao se incluir peixes frescos e frutas orgânicas, esse valor dobrará.


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