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Preocupada com a repercussão da crise do PMDB na sucessão da Câmara, a cúpula petista fez nessa terça-feira (4) um gesto concreto para estender a bandeira branca ao aliado: prestigiou a cerimônia de transmissão de cargo do novo ministro da Secretaria de Assuntos Estratégicos, Moreira Franco (PMDB).

Não por acaso, o presidente da Câmara e candidato oficial do PT a comandar a Casa até 2013, Marco Maia (RS), foi um dos três petistas que compareceram à solenidade. Ele sabe que a insatisfação do PMDB com a perda de espaço para o PT no segundo escalão abre brecha para o lançamento de candidaturas dissidentes na base aliada, pondo em risco sua eleição.

Além de Maia, estiveram presentes os ministros petistas Luiz Sérgio, das Relações Institucionais, e José Eduardo Martins Cardozo, da Justiça. No cenário atual, o comando do PMDB já dá como certo o lançamento da candidatura do líder do PR na Câmara, Sandro Mabel (GO). E ele não deve ser o único a enfrentar Maia no dia 1.º de fevereiro. A estratégia de rebeldes de vários partidos governistas, todos descontentes com a cota de poder que lhes foi destinada até agora, é estimular pelo menos mais duas candidaturas, para levar a eleição ao segundo turno.

Os outros dois nomes mais cotados na base aliada até agora são os de Aldo Rebelo (PC do B-SP) e Júlio Delgado (PSB-MG). Mas o PR também não descarta a candidatura de Milton Monti (SP), embora Mabel já venha sendo abordado como "presidente" nos corredores da Câmara, por colegas de vários partidos, até do PMDB.

Mínimo na disputa

Três dias depois do início do governo, o PMDB do vice-presidente Michel Temer tenta encurralar a presidente Dilma Rousseff. O partido anunciou que iniciará a retaliação pela votação do novo salário mínimo. O governo quer mantê-lo em R$ 540; o PMDB quer mais. O deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ) vai apresentar uma emenda na Câmara para elevar o salário mínimo para R$ 560 reais.

Essa reação era a que Dilma mais temia. Antes mesmo de tomar posse, ela vinha sendo aconselhada pelo ministro da Casa Civil, Antonio Palocci (PT), a tomar cuidado com o PMDB, especialista em usar o peso de sua bancada para pressionar por cargos importantes no governo.

Um eventual aumento do salário mínimo provocará um estrago nas contas do governo. No último dia como presidente, Luiz Inácio Lula da Silva editou medida provisória fixando o mínimo em R$ 540. De acordo com o Ministério do Planejamento, cada real representa um aumento de R$ 286,4 milhões no Orçamento. Se o PMDB comandar uma operação de reajuste, estará ameaçando logo no início do governo a política de austeridade fiscal pregada por Dilma.

Porta-voz da revolta dos peemedebistas, o líder do partido, Henrique Eduardo Alves (RN) – até agora uma espécie de alvo dos petistas na maioria das rasteiras levadas pelo PMDB no preenchimento dos cargos – anunciou na terça, depois de uma reunião com Temer e com os senadores José Sarney (AP), presidente do Senado, e Valdir Raupp (RO), presidente interino do PMDB, que o partido quer saber por que o governo chegou ao valor de R$ 540. Levou o pleito de um valor maior ao ministro das Relações Institucionais, Luiz Sérgio. "O Congresso existe para melhorar as propostas, não só para carimbá-las".