03/01/2011 - 16:49
Uma pesquisa realizada por arqueólogos em Creta, sul da Grécia, comprovou pela primeira vez que os ancestrais do homem navegaram há mais de 130.000 anos, anunciou nesta segunda-feira (3) o ministério grego da Cultura. Ao final de dois anos de escavações em torno da localidade de Plakia, no sul da Ilha de Creta, uma equipe greco-americana descobriu pedras talhadas do período paleolítico, datando entre 700.000 e 130.000 anos, informou o ministério em comunicado.
Estas descobertas, que atestam pela primeira vez uma instalação de hominídeos na ilha, antes do neolítico (7.000 – 3.000 anos a.C.), trazem à luz, também, "a mais antiga prova de navegação no mundo", segundo o comunicado.
Ferramentas, um tipo de "machado", foram encontradas junto aos vestígios de uma "plataforma marinha remontando a pelo menos 130.000 anos (…) o que comprova viagens marítimas no Mediterrâneo, realizadas dezenas de milhares de anos mais cedo em relação aos nossos conhecimentos", revelou o ministério.
As descobertas, junto da muito turística praia de Preveli, "modificam também as estimativas sobre a capacidade cognitiva das primeiras espécies humanas", com as ferramentas encontradas, que nos reenviam à população do "homo erectus e do homo heidelbergensis", acrescentou o comunicado.
Segundo os responsáveis pelo estudo, o americano Thomas Strasser e a grega Eléni Panagopoulou, as escavações dão uma nova visão à história "da colonização da Europa por hominídeos vindos da África", até então considerada como feita a pé.
"A visão de um povoamento da Europa apenas por terra deve ser repensada (…) houve, talvez, rotas marítimas usadas por navigadores em longas distâncias" escreveram os cientistas num artigo publicado por Hespéria, o boletim da Escola americana de arqueologia de Atenas. Revelaram, no entanto, não poder determinar de onde provinham os hóspedes paleolíticos de Creta, "de origem africana ou do Oriente Médio, sendo também provável uma hipótese de procedência da Anatólia ou da Grécia continental".