Espera-se que em um filme de ação, a torcida seja para o mocinho. Não é o que acontece em "O Exterminador do Futuro – A Salvação", cujo protagonista é vivido por Christian Bale, o atual Batman. Quem rouba a cena desse blockbuster é um ator desconhecido com sobrenome difícil de memorizar: Sam Worthington. Ele interpreta um homem que escapou de uma hecatombe nuclear e se encontra no fogo cerrado da guerra entre humanos e robôs.

A mesma coisa acontece em "Star Trek": os maiores elogios são feitos a um ator novato, que só aparece nos dez primeiros minutos do filme. Seu nome é Chris Hemsworth e sua atuação como o pai do Capitão Kirk, que assiste à sua nave se espatifar enquanto acompanha a distância o nascimento do filho, o colocou como uma das novas apostas do cinema americano.

Uma rebelião de coadjuvantes? Nem tanto. A indústria de filmes está apenas formando novas estrelas para as aventuras de ação, gênero responsável pelos maiores faturamentos da atualidade ao lado das animações digitais. E essa preparação se inicia pelos papéis menores. O investimento já começa a dar resultados. Worthington, 32 anos, aparecerá a partir do final do ano como protagonista de dois títulos superaguardados.

O primeiro deles é "Avatar", ficção cientifica de James Cameron, que não filmava desde "Titanic", de 1997. Seu papel será o de um ex-mariner com a missão de colonizar um planeta habitado por humanoides. A outra superprodução chama-se "Duelo de Titãs", que lhe reservou o papel de Perseu, conhecido na mitologia grega por enfrentar monstros e salvar a princesa Andrômeda. Worthington vem sendo chamado de "o novo Russell Crowe": além de inteligente como ele, o astro de "Gladiador" foi também criado na Austrália.

Vem do mesmo país o ator Chris Hemsworth, 26 anos, que ganhou o papel mais importante de "Thor", sobre o deus nórdico – o primeiro nome aventado era o de Brad Pitt. A troca se revelou econômica, pois o salário do marido de Angelina Jolie está por volta dos US$ 30 milhões, mais do que a bilheteria do primeiro fim de semana de seu mais recente sucesso, "O Curioso Caso de Benjamin Button".

Muitos acreditam ser esse um dos motivos de a indústria estar renovando os seus quadros de galãs adrenalinados: os cachês dos astros que chamam bilheteria estão cada vez mais altos e, além disso, a elite de Hollywood não gosta de filme de ação e muito menos de dividir espaço com efeitos especiais. Sem falar que essa geração nascida na década de 1960 está quase cinquentona e menos disposta a ficar dependurada em cabos de aço, por exemplo. Worthington comenta: "Você se machuca mesmo. Não é um filme baseado em Jane Austen."

A escolha do novato Channing Tatum, 29 anos, como um dos protagonistas de "G.I. Joe – A Vingança de Cobra", que estreia em agosto, só confirma a tendência. Ele interpreta um dos soldados dessa divisão especial e tem a vantagem de ser campeão de lutas marciais – para atuar em "X-Men – Origens: Wolverine", Ryan Reynolds, 32 anos, também teve treinamento parecido. Caçula da turma de galãs, o franzino Shia LaBeouf, 23 anos, em cartaz com "Transformers: A Vingança dos Derrotados", pode rodar o quinto episódio de "Indiana Jones", e anda fazendo jus ao papel de filho do arqueólogo, vivido por Harrison Ford, um dos maiores astros de ação do passado. Ele só precisa fazer um pouco de musculação.

Fotos: Industrial Light & Magic; Divulgação; Frank Masi