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A maioria dos empresários da indústria brasileira pretende aumentar o Nível de Utilização da Capacidade Instalada (Nuci) nos próximos seis meses. A conclusão faz parte da Sondagem Conjuntural da Indústria de Transformação de dezembro, realizada pelo Instituto Brasileiro de Economia (Ibre), da Fundação Getúlio Vargas (FGV). Neste mês, a FGV incluiu uma pergunta sobre a tendência do Nuci para os próximos seis meses e sobre se os empresários pretendiam elevar a capacidade produtiva neste mesmo cenário.

De acordo com a pesquisa, 55% dos industriais responderam que desejam ampliar muito ou pouco o Nuci no primeiro semestre de 2011. Para 51% dos empresários da indústria de transformação, também será necessário investir na elevação da capacidade produtiva no primeiro semestre de 2011. Entre os setores nos quais a FGV divide a indústria de transformação para realizar a pesquisa, o mais otimista é o de material de construção. Neste setor, 86% preveem expandir o Nuci nos próximos seis meses e 72% pretendem investir no aumento de sua capacidade produtiva.

Em seguida, aparece o segmento de bens intermediários, para o qual 65% dos industriais esperam crescimento do Nuci e 60% responderam que investirão na capacidade produtiva no primeiro semestre. No setor de bens de consumo duráveis e não duráveis, 50% devem elevar o Nuci nos próximos seis meses e 52% querem investir na capacidade produtiva. O setor mais pessimista é o de bens de capital, uma vez que a maioria dos entrevistados prevê estabilidade no Nuci e na capacidade produtiva no primeiro semestre. Do total, 36% responderam que o Nuci deve aumentar nos próximos seis meses. Em relação a investimentos para aumentar a capacidade produtiva, 36% responderam que vão investir e 58% afirmaram que deve ficar estável.

Em dezembro, o Nuci da indústria de transformação aumentou para 84,9% ante 84,5% em novembro. O resultado ficou praticamente igual ao da média de 2010 (84,8%). Entre os setores, o único que registrou elevação do Nuci em dezembro foi o de não duráveis de consumo, que passou de 80,4% em novembro para 82% em dezembro. O Nuci de duráveis de consumo recuou de 90,1% em novembro para 89,2% em dezembro. O de bens de capital, de 84,8% para 84,5%, e o de material de construção, de 90,4% para 90,3%. Por fim, o de bens intermediários passou de 86% para 85,9%.

Crédito

As medidas anunciadas pelo Banco Central (BC) para conter a expansão do crédito parecem não ter surtido efeito, segundo a maioria dos empresários consultados na Sondagem Conjuntural da Indústria de Transformação, da FGV. A fundação consultou os empresários sobre o grau de exigência das instituições financeiras para a concessão de crédito para suas indústrias. Para 81%, o grau de exigência está moderado; para 11%, alto; e para 8%, baixo.

O resultado não difere dos divulgados nos últimos meses. Em novembro, 84% dos consultados responderam que o grau de exigência estava moderado. Para 10%, estava alto e para 6%, baixo. Para se ter uma ideia, em fevereiro de 2009, período em que os empresários brasileiros mais sentiram os efeitos da crise econômica global, 54% dos entrevistados responderam que o grau de exigência para a obtenção de crédito estava alto e apenas 3% disseram que estava baixo. "Em termos de exigências para a concessão de crédito, as medidas parecem não ter surtido efeito", disse o especialista em Análises Econômicas do Ibre, Jorge Braga. 

Otimismo

O bom humor dos empresários da indústria sobre a situação atual de seus negócios e um otimismo quanto ao mercado de trabalho nos próximos meses ajudou no aumento de 1,6% no Índice de Confiança da Indústria (ICI) de dezembro, anunciado nesta terça-feira (28) pela Fundação Getúlio Vargas (FGV). O indicador foi calculado a partir de dados obtidos em entrevistas com 1.196 empresas em dezembro.

Segundo a fundação, a pergunta que avalia o grau de satisfação com o ambiente atual dos negócios melhorou em dezembro. O Índice de Situação Atual (ISA), um dos dois componentes do ICI, subiu 1,3% em dezembro. Isso porque a fatia de empresas pesquisadas que avaliam a situação atual dos negócios como fraca diminuiu consideravelmente de novembro para dezembro, de 13,0% para 4,7%.

Nas respostas sobre o futuro, a fundação informou que as expectativas dos empresários industriais para os meses seguintes se tornaram mais otimistas em relação ao nível de emprego. Do total de empresas consultadas, o porcentual de companhias que preveem ampliar o contingente de mão de obra no trimestre de dezembro a fevereiro saltou para 31,0% no levantamento de dezembro, de 28,6% na sondagem feita em novembro. A parcela de empresas entrevistadas que pretendem diminuir o contingente de pessoal ocupado, no período de dezembro a fevereiro, caiu para 5,7%, ante os 7,8% da sondagem de novembro.