Corre no Brasil uma piada – de gosto duvidoso, considerariam muitos – que, infelizmente, se aplica bem à nossa realidade. Diz a brincadeira que, por aqui, não se sabe o que é pior: ficar doente ou ter de pagar os remédios para ficar bom. De fato, ser paciente no Brasil é uma experiência penosa. A complicação começa na dificuldade para se consultar. Uma vez superado esse obstáculo, aparece o outro, que consiste na busca por um medicamento gratuito fornecido pelo governo ou no gasto elevado para comprar sem depender de ninguém. “Muitas vezes, o cidadão não encontra o remédio na rede pública. E o preço do medicamento é alto se comparado ao poder de compra da população”, diz Marcos Ferraz, do Centro Paulista de Economia da Saúde, da Universidade Federal de São Paulo.

Essa dificuldade preocupa não só o doente, mas também vários especialistas. Quem não se trata corretamente tem um prejuízo individual, é claro, mas também custa mais caro ao sistema de saúde quando aparece mais tarde num hospital manifestando complicações que poderiam ter sido evitadas. “O doente pára de tomar a medicação, descompensa e é internado”, afirma o cardiologista Carlos Scher, do Rio de Janeiro. Para manter a saúde do bolso, valem ao paciente algumas orientações. A primeira é conversar com o médico e pedir que as opções caibam dentro de seu orçamento, na medida do possível. Depois, pesquisar custos. No serviço do Disque Medicamentos, da Agência Nacional de Vigilância Sanitária, pode-se consultar o preço máximo de cada remédio (o número é 0800 6440644).

Outra orientação é checar se na sua cidade existe alguma associação de usuários de medicamentos. Em Brasília e Salvador, os integrantes da Associação de Defesa dos Usuários de Medicamentos pagam R$ 30 por ano e obtêm remédios pelo preço de custo. Também se deve verificar se sua associação profissional mantém algum sistema de compra mais barato. Em São Paulo, por exemplo, a Caixa de Assistência dos Advogados tem 31 farmácias que vendem a preço de custo a seus associados. Mais uma medida é optar por planos de saúde que possuem convênios para descontos em farmácias. Os genéricos também costumam ser boas alternativas. “Mas o melhor é escolher entre os produtos fabricados pelos laboratórios da Associação Pró-Genéricos. É uma garantia de que são feitos com o rigor necessário”, orienta José Ramires, presidente do conselho diretor do Instituto do Coração, em São Paulo. Há ainda nas farmácias os remédios similares. São cópias de medicamentos de marca, mas, diferentemente dos genéricos, não passam por testes específicos para provar sua equivalência com os tradicionais. Por isso, em geral, os médicos desaconselham o uso desses produtos. Na opinião dos especialistas, é preciso cuidado também com outra categoria de drogas, as feitas nas farmácias de manipulação. Para o câncer, a diabete e males cardíacos, normalmente elas não são recomendadas. A seguir, orientações mais específicas para enfrentar algumas das doenças mais incidentes no Brasil.