No terreno da tecnologia, falar atualmente em conflito de gerações é tão inimaginável quanto idealizar um sistema integrado de chips no qual um desses componentes não complemente o outro. Ou seja: desde um determinado patamar do avanço tecnológico, a criatividade humana tenta fazer, cada vez mais, com que aparelhos, mídias e outros elementos que componham essa parafernália continuem a se suceder, mas sem que o novo aposente definitivamente o velho.

No momento, o mais emblemático exemplo atende pelo nome de Blu-ray – significa laser azul, mais encantador impossível para os muito amantes da tecnologia. De volta agora ao nosso microssistema integrado no qual os componentes vão interagindo e se completando, falemos da paulista Márcia Soares Pili, 40 anos, e de seu filho Márcio, um garoto de 11. Entrevistada por ISTOÉ, ela disse radiante que acabara de presentear o menino com o videogame Playstation 3.

– A sra. então tem um Blu-ray?
A sua reposta foi mais que uma simples negativa, foi um espanto:
– Não. O que é isso?
O filho a socorreu:
– Mãe, é Blu-ray o meu Playstation 3. Nós temos um, mãe, já te falei.
Como se vê, o filho complementou a mãe. Como se verá desse ponto em diante, o Blu-ray complementa hoje em dia – e essa é uma novidade – sistemas que antes só reproduziam CDs e DVDs. Márcia não sabia, por exemplo, que o mercado já contempla muitos de seus produtos, inclusive laptops, com a tecnologia de leitura dessa nova mídia.

É como se o Blu-ray estivesse entrando disfarçado em nossas casas.

Assim como o DVD, o Blu-ray é aparelho e mídia. Mas, como já se disse, no quesito aparelho o presente não descarta necessariamente o passado – há aqueles que reproduzem tanto uma quanto a outra. Em relação ao disco em si, a vantagem do Blu-ray é que ele tem melhor definição de imagem (1.080 linhas), áudio impecável e capacidade de armazenamento muito maior: "guarda" 30 gigas, enquanto o DVD tem memória para 5 gigas. Quando entrou no mercado no ano passado, o preço do equipamento estava nas nuvens. Nos últimos meses, começou a aterrissar – na média, de R$ 5 mil caiu para R$ 1,6 mil. O avanço na procura é inevitável justamente pelo fato de ele estar sendo embutido em notebooks e videogames. Quanto aos televisores ideais para se conectar o Blu-ray (através de cabo HDMI), eles são no formato LCD ou plasma. Nada impede, no entanto, que seja ligado a televisor a tubo – a nitidez da imagem não é a mesma, mas será melhor que a do DVD. Da mesma forma que a transição está se dando na casa de Márcia e seu filho, é certo que ela está ocorrendo também em outros lares brasileiros, seguindo a linha do tempo da tecnologia na qual, em breve, outro adolescente estará explicando a seus parentes uma nova atração. Dica: ela se chama Holographic Versatile Disc (HVD) e reproduzirá filmes em terceira dimensão.