As doenças alérgicas estão se espalhando pelo mundo com força assustadora. O alerta é da Organização Mundial de Alergia, sociedade que congrega associações médicas e não-governamentais envolvidas na pesquisa e tratamento do problema. Segundo estatística divulgada na última semana pela entidade, em todo o planeta existem cerca de 400 milhões de pessoas com rinite alérgica e outros 300 milhões têm asma. Além disso, a alergia alimentar também aparece na lista das mais prevalentes, atingindo aproximadamente 264 milhões de indivíduos. Entre as causas prováveis dessa epidemia estão alterações climáticas que provocam mudanças bruscas de temperatura e o aumento do consumo de produtos industrializados – fatores capazes de desencadear as crises.

O levantamento também mostrou uma contradição. Embora o número de pessoas alérgicas tenha aumentado, a quantidade de profissionais especializados para tratá-las diminuiu. “A situação indica que as doenças podem não estar sendo diagnosticadas e tratadas adequadamente”, afirma Walter Canonica, presidente da Organização Mundial de Alergia. O cenário também preocupou os editorialistas da revista The Lancet, uma das publicações científicas mais respeitadas do mundo. Na última edição, eles relatam que entre 2000 e 2005 mais de 3,3 milhões de indivíduos foram diagnosticados com rinite alérgica só na Inglaterra. Porém, de acordo com o artigo, os pacientes não desfrutam da mesma qualidade de atendimento oferecida a outras enfermidades. No texto, os especialistas defendem que uma das saídas para resolver a falha seria investir na formação de farmacêuticos, já que muitas vezes eles são os responsáveis pela ajuda inicial aos doentes. Na outra frente de combate, dentro dos laboratórios, os cientistas buscam melhores tratamentos. Contra a rinite, um dos caminhos mais estudados atualmente é a pesquisa do efeito de bebidas enriquecidas com bactérias probióticas, conhecidas por estimular o sistema de defesa do corpo. Um trabalho do Instituto de Pesquisa de Alimentos da Inglaterra divulgado na última semana, por exemplo, revelou que o consumo diário desses produtos pode reduzir a resposta alérgica do organismo ao pólen. Porém, os autores do trabalho preferem ser cautelosos. “Estamos entusiasmados, mas não recomendamos que os pacientes corram aos supermercados para comprar esses artigos. Nosso trabalho ainda é muito inicial”, afirma Cláudio Nicoletti, coordenador do estudo. Na opinião da alergologista Ana Paula Castro, da Associação Brasileira de Alergia e Imunopatologia, o encontro de alternativas de tratamento é urgente. “A rinite não mata. Mas facilita o surgimento de problemas como a sinusite, a asma e as infecções de ouvido. Por isso é necessário encontrar formas mais eficazes de controlá-la”, diz.