A carioca Samantha Miranda, 23 anos, define claramente o tipo de homem perfeito para conquistar seu coração. "Meio rude, aquele que sabe tratar a mulher sem muitos mimos, que gosta de malhar. É bom parecer meio cafajeste, fazer um teatrinho", descreve. Os "bonzinhos" estão totalmente descartados. O parceiro ideal é, para Samantha, o oposto. "Não suporto os muito sensíveis, que choram e querem agradar o tempo todo", diz. Coerente com suas preferências, ela se casou há três anos com um capitão do Corpo de Bombeiros do Rio de Janeiro e se diz muito satisfeita com seu "fortão". As mulheres que preferem a independência e a igualdade entre os sexos, direitos conquistados pelas feministas décadas atrás, talvez se surpreendam ao saber que Samantha não é um caso isolado. Duas pesquisas feitas nos Estados Unidos – uma da Universidade do Novo México e outra da Universidade Bradley – e publicadas na revista New Scientist em junho concluem: homens que adotam comportamento de "garoto mau" se dão melhor com as mulheres.

Na Universidade do Novo México, o pesquisador Peter Jonason ouviu 200 estudantes e o resultado é que os jovens com características de bad boys relataram maior número de relacionamentos de curto prazo. As marcas do estilo são insensibilidade, narcisismo, egocentrismo, atração por situações de risco e infidelidade. O outro trabalho, feito pelo cientista David Schmitt, da Universidade Bradley, em Illinois, é mais amplo. Ouviu 35 mil pessoas de ambos os sexos em 57 países – e teve resultado semelhante.

No Brasil, há controvérsias. Num grupo de 22 mulheres entrevistadas por ISTOÉ, apenas sete concordaram com os resultados da pesquisa. "Aqui é diferente", opina a advogada mineira Mariana Lima, 31 anos. "Busco uma relação em que haja igualdade entre os parceiros e muito carinho. Adoro homens cavalheiros." A estudante de geologia Carla Neto, 29 anos, acredita que as mulheres gostam, sim, de homem que tenha um jeito grosseirão. "Acontece que poucas vão admitir isso", alerta ela. "Os homens têm de ter pegada, sim", resume Natália Casassola, ex-big brother.

Para a psicóloga e educadora sexual Laura Muller, é difícil comparar o comportamento das mulheres americanas e brasileiras, mas ela confirma que algumas realmente sentem esse tipo de atração. A fama de "bom de cama" pode ser a justificativa, acredita Laura. "Como esse homem tem mais relações, acaba, supostamente, aprendendo a lidar com as mulheres", explica. A psicóloga não vê grandes problemas nessa preferência. "Só chamo atenção para uma coisa: relação na qual há dominante e dominado não é legal", avisa. "Mas se tudo for uma brincadeira prazerosa para os dois, não vejo mal." Completamente identificado com o perfil bad boy, o pintor de paredes Flávio Teixeira concorda com a pesquisa. "Mulher gosta de homem forte, que domine a relação", acredita. Teixeira diz que é bastante assediado, mas resiste por ser casado. De passagem pelo Brasil, o estudante alemão Jans Jürgens, 25 anos, identificou nas beldades brasileiras a tendência a serem dominadas pelo homem. "Prefiro mulheres fortes, que dividam a liderança comigo", opina.


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