Elvis Presley era mais do que um ídolo para Michael Jackson. Era uma meta a ser alcançada. E superada. O astro negro queria ultrapassar em fortuna e glória o lendário rei do rock. A obsessão era tanta que Jackson se casou com a única filha do mito, Lisa Marie Presley, herdeira de uma fortuna estimada em US$ 100 milhões, em 26 de maio de 1994. O anúncio da união deixou o mundo atônito. Até então, o casal que reunia dois dos maiores genes musicais de todos os tempos nunca havia sido visto junto em clima de romance. Ao contrário, volta e meia a sexualidade do intérprete de "Thriller" era colocada na berlinda. Não era para menos. Segundo biógrafos do astro pop, ele só teria iniciado a vida sexual com a própria Lisa, aos 35 anos. Foi uma tentativa de transpor a barreira da infância e se tornar um homem, capaz de estabelecer uma relação madura. Não foi possível. A história durou apenas 19 meses. Tamanha dificuldade para se relacionar com o sexo oposto acontecia porque Michael, também na esfera afetiva, não conseguia crescer. "Ele não teve infância, por causa da vida no Jackson Five e do pai tirano", explica o professor Ailton Amelio da Silva, da Universidade de São Paulo (USP). "E quem não teve infância, perpetua, não consegue sair dela."

Num genuíno esforço para romper as barreiras da Terra do Nunca, Michael se casou com Lisa numa cerimônia secreta na República Dominicana, o paraíso dos casamentos relâmpagos. A noiva, no esplendor de seus 26 anos, usava um vestido preto, nada apropriado para o horário do evento, 9h30. O noivo, 11 anos mais velho, trajava calça e camisa pretas, cinto e chapéu de caubói, rabo de cavalo e batom nos lábios. Até o anúncio oficial, não era público sequer que se conheciam. Mas a história dos dois havia começado na infância, tendo como padrinho o próprio Elvis Presley – em 1974, ele levou a filha a um show dos Jackson Five. Quase 20 anos depois, em 1993, Lisa se aproximou de Michael porque pretendia seguir a carreira de cantora e queria se aconselhar com o ídolo.

O casal se encontrou durante seis meses enquanto ela ainda vivia com o músico Danny Keough, pai de seus dois filhos. Michael teria perdido a virgindade em Mar-A-Lago, propriedade do bilionário Donald Trump, em Palm Beach, Flórida. Segundo o livro "Michael Jackson – A Magia e a Loucura", de J.Randy Taraborrelli, Trump confirmou o envolvimento. "Ele me contou que havia beijado a moça mais bonita do mundo e que esperava merecê-la."

Desde o início, a união foi encarada com desconfiança. Como se deu logo após o cantor ser acusado de pedofilia pela primeira vez, em 1993, suspeitavase que era uma estratégia para melhorar a imagem dele. Havia também quem julgava ser um bem-sucedido golpe de marketing para a carreira de ambos. Os dois negavam com veemência esses comentários. Fato é que, no início, pareciam um casal como qualquer outro. Recém-casados, apareceram num programa de tevê e declararam estar profundamente apaixonados e já tentando ter um filho. Lisa Marie protagonizou cenas quentes com Jackson no videoclipe da música "You Are Not Alone". Também beijou efusivamente o marido na entrega do MTV Video Music Awards, em 1994.

A mesma premiação, um ano depois, mostrou que a relação já não ia nada bem. A hostilidade entre o casal era latente: a câmera flagrou Lisa olhando furiosamente para o ídolo pop enquanto ele se apresentava no palco. "As coisas ficaram bem feias no final", confessou ela, após a separação. O rompimento foi devastador para a filha de Elvis. Em entrevista à revista Rolling Stone, à revista Rolling Stone, na época, confessou que a experiência havia lhe causado um colapso físico e mental. "Estava totalmente apaixonada e acabei embarcando em toda essa coisa, da qual não me orgulho hoje", confessou a artista. O casal, aparentemente, distanciou-se, o que não impediu o sofrimento dela com a notícia da morte do ex. "Estou muito triste e confusa, sentindo todas as emoções possíveis", afirmou.

Em 1996, mesmo ano em que se separou da filha de seu grande ídolo, Michael Jackson iniciou o segundo e, ainda mais polêmico, casamento, com Deborah Rove, 37 anos, enfermeira de sua dermatologista. A união foi envolta em uma nuvem de suspeita e o casal nunca se esforçou em desanuviá-la. A essa altura, o astro já se transformara na figura excêntrica que o fazia ficar cada vez mais recluso. Deborah gerou dois de seus filhos (leia quadro), por meio de inseminação artificial. Segundo consta, o vínculo só teria sido oficializado por causa das crianças – e a pedido da mãe de Michael, Katherine. Nascidos os rebentos, a relação acabou – apesar de os dois nunca terem morado juntos.

Katherine Jackson, a matriarca do clã, foi uma figura decisiva na formação do comportamento afetivo do filho. Sua fragilidade e submissão diante da tirania do marido, Joseph, fez com que M ichael buscasse a companhia de mulheres fortes e poderosas, num contraponto da imagem materna. Diana Ross é a mais emblemática. Ele a conheceu aos 11 anos, quando a cantora já era uma diva da gravadora Motown. Ficou extasiado. Desde então, estabeleceram uma relação de parceria, que ele repetiu com mulheres como as atrizes Jane Fonda e Elizabeth Taylor. Sem sexo, vale lembrar.