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“Quando você pega a lente e olha o foco de luz, ele reverbera e vem lentamente pelos cristais, é quase azul.” É assim que um dos maiores fotógrafos brasileiros, Araquém Alcântara, descreve a sensação de usar a mais cobiçada, cara e lendária câmera da história, a Leica, marca alemã que acaba de chegar ao Brasil. A primeira loja da América Latina, em São Paulo, aberta na sexta-feira dia 10, pretende atrair tanto profissionais quanto apaixonados por fotografia e design.
 
Foi pelas mãos de grandes heróis do fotojornalismo, como o francês Henri Cartier-Bresson, o cubano Alberto Korda e o húngaro Robert Capa, que a primeira câmera portátil da história se tornou um ícone e hoje é objeto de desejo de amadores a grandes nomes da fotografia. Foi com uma Leica que Bresson, considerado um dos maiores do século XX, cobriu a Guerra Civil Espanhola, a Segunda Guerra Mundial, a entrada de Mao Tsé-tung em Pequim e a morte de Gandhi. Com a sua Leica em punho, Korda fez o mais famoso retrato de Che Guevara, em 1960. E também foi com ela que Capa registrou as imagens mais famosas do desembarque dos aliados na Normandia que deu fim à Segunda Guerra, em 1944.
 
A grande revolução da Leica, concebida por Ernst Leitz (o nome da máquina vem da contração entre LEItz e CAmera) – e Oskar Barnak, foi permitir o uso de filmes menores, de 35 mm, possibilitando que os fotógrafos deixassem de carregar equipamentos pesados, chapas e tripés. A inovação deu maior liberdade às coberturas jornalísticas e atividades artísticas.
 
 A precisão de suas lentes, o funcionamento perfeito, a discrição e a leveza são as qualidades que a mantém tão desejada passados 85 anos. “A Leica é o Rolls Royce da fotografia, porque tem uma qualidade extraordinária”, ressalta Araquém, que possui duas analógicas, mas utiliza no dia a dia as marcas japonesas que têm maior praticidade e recursos. As alemãs ficam para trabalhos especiais. É também para as pautas mais elaboradas que outro conceituado fotógrafo brasileiro, Juan Esteves, reserva suas duas Leicas, como na exposição de retratos Jazz at Home, que fez em 2003 no Japão. “Ela tem desempenho excepcional para captar a luz quando as condições não são ideais”, explica o fotógrafo, que tem 25 anos de profissão.
 
 A loja de São Paulo faz parte de um plano de expansão da empresa, que inclui outras capitais, como Londres, Berlim, Moscou, Paris e Tóquio. Entre os modelos que estarão disponíveis por aqui estão a M7 analógica por R$ 12,8 mil (sem as lentes), a X1 (R$ 6,2 mil) e a V-Lux 20 (R$ 3,2 mil). É um incentivo a mais para quem quer se inspirar nos grandes mestres da fotografia.