Confira o trailer:

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VELOCIDADE DA LUZ
O protagonista Sam em cena
de “Tron – o Legado”

A superprodução “Tron – o Legado”, que estreia em todo o mundo na sexta-feira 17 e trata de um universo familiar aos usuários de computadores, games e internet, remonta, na verdade, a uma espécie de antecipação cinematográfica de três décadas atrás. O filme é a sequência de “Tron: uma Odisseia Eletrônica”, lançado em 1982, protagonizado por Jeff Bridges e considerado um marco na história da ficção científica e dos videogames – foi um dos primeiros a simular a vida em um universo cibernético e a criar efeitos produzidos por uma ainda incipiente computação gráfica.

No início dos anos 1980, a tecnologia digital estava a anos-luz de distância de como a conhecemos atualmente. Todo o imaginário de uma cultura pop e high-tech, que surgira na literatura com autores como John Brunner e suas novelas cyberpunks, e William Gibson e seu clássico “Neuromancer”, ganha em “Tron” a sua primeira forma audiovisual, o que fez dele um filme cultuado por precursores dos geeks modernos. A ideia de computadores portáteis, ligados em rede, de avatares (que eles chamavam de “agentes”), do usuário e do hacker – aquele que invade e altera os sistemas – foi desenvolvida no enredo por uma equipe de fanáticos por tecnologia, que envolvia criadores de cinema e também cientistas da área de programação computacional. O grupo foi liderado por Steven Lisberger, diretor e autor do primeiro filme, e o projeto encampado pelos estúdios Disney.

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VIAGEM CIBERNÉTICA
Cena do filme mostra
a Grade, o mundo habitado por avatares

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Eis que hoje, 28 anos depois, a odisseia do gênio da informática Kevin Flynn (Jeff Bridges), que criou um mundo virtual paralelo e se viu subitamente cooptado e prisioneiro dele por 20 anos, está de volta em uma superprodução em 3D que dá continuidade à trama com recursos mais apropriados e uma trilha sonora especialmente composta pela dupla francesa Daft Punk. Nesse longo intervalo entre as duas produções, o mundo assistiu a uma verdadeira revolução tecnológica. Se a primeira aventura foi rodada em película de 70 milímetros em preto e branco e, depois, pintada artesanalmente, a atual é uma verdadeira vitrine de tudo o que existe de mais moderno no mundo digital. Isso se traduz em números astronômicos – a nova produção custou US$ 170 milhões, dez vezes mais que a anterior, e somados os gastos com a poderosa campanha de marketing esse valor salta para US$ 300 milhões.

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Na história atual, Sam (Garrett Hedlund) é um jovem rebelde de 27 anos que na infância vivenciou o desaparecimento do pai, o herói Flynn. Ele viaja ao mundo sideral à sua procura e, quando eles se encontram, se unem para salvar o mundo da intervenção de hackers mal-intencionados no vasto acervo bélico e nuclear mantido pelo Pentágono. Se no passado Lisberger teve de usar métodos convencionais para criar um mundo que parecesse digital, em “Tron – o Legado” o cenário se inverte: o desafio é usar as ferramentas digitais para que o mundo apresentado no cinema pareça real. “É óbvio que ‘Tron’, sendo o filme inovador que foi em sua época, também teria de ter uma sequência inovadora no século XXI”, diz um dos produtores, Jeffrey Silver. E para dar conta dessa missão foi contratado o mais festejado especialista em efeitos visuais da atualidade, Eric Barba, ganhador do Oscar na categoria pela técnica de envelhecimento aplicada ao personagem de Brad Pitt em “O Curioso Caso de Benjamin Button”.

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Barba coordenou o processo de rejuvenescimento digital do personagem de Jeff Bridges que, além de ser o herói Flynn, é também o vilão Clu, um programa de computador do mal que emite comandos maquiavélicos. Para recriá-lo aos 30 anos numa versão tridimensional, uma ampla variedade de movimentos corporais e faciais acabou reproduzida a partir de fotos antigas do ator. Essas informações foram armazenadas e cruzadas para reviver com fidelidade nas telas o jovem Jeff Bridges. O resultado é de extrema perfeição – ou melhor, de impecável realismo –, já que todo o tempo o diretor Joseph Kosinski mescla o digital com o real para imprimir veracidade às cenas. “No primeiro ‘Tron’ não havia laptops, não havia internet, e foi tudo filmado em preto e branco e pintado à mão. E era tecnologia de ponta na época”, diz Bridges. Alguns adereços, imagens e objetos marcantes da produção original podem ser vistos no novo filme, como o organizador de mesa do Programa de Controle Mestre e uma versão menor do Shiva laser, que leva o personagem Sam, filho do herói, para o mundo virtual, chamado Grade. Mas, fora essas referências, restou muito pouco da produção anterior. O que é sorte do espectador, já que o primeiro “Tron”, mesmo com ideias tão modernas e antecipadoras, era precário em sua realização.

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