i47430.jpgA família real britânica abraça cada vez mais as causas relacionadas a questões ecológicas. Como manda a tradição, o que a rainha começa os outros membros da realeza dão seqüência. Nos últimos tempos, o mundo se surpreendeu com a notícia de que Elizabeth II, pessoalmente, faz rondas pelos corredores do palácio para controlar e, se for o caso, apagar os milhares de lâmpadas acesas – se é um pouco por economia, é muito mais para poupar a energia que algum dia, ou melhor, alguma noite, pode faltar no Reino Unido. Agora, o seu filho, o príncipe Charles, capitaneia um complicado mas eficiente projeto de alterar o estilo de vida da população para que isso implique um futuro mais verde e mais limpo. Ele lançou um fundo imobiliário de um bilhão de libras (cerca de R$ 3,5 bilhões) que investirá na proteção ao meio ambiente, sobretudo nas áreas urbanas – degradadas e degradantes pelo caos do dia-a-dia. A idéia é “reciclar” a arquitetura atual e criar as chamadas ecovilas. Charles critica as construções modernas: “A arquitetura de hoje tem de pensar no amanhã e planejá- lo. De nada vale o design se ele não puder ser usado e, também, reaproveitado quando isso se fizer necessário.”

i47431.jpgFoi com esse discurso que o príncipe contratou na semana passada o seu banco de investimentos, o Credit Suisse, e lançou o Tellesma, um fundo de investimento que terá à frente apenas grandes executivos, como Ian Henderson, ex-diretor-executivo da Land Securities, a maior imobiliária da Inglaterra. O seu objetivo é “realizar o desenvolvimento urbano sustentável” em diversos locais do Reino Unido e, para tanto, Charles repetirá na montagem de todas as ecovilas a sua bem-sucedida experiência no desenvolvimento da vila de Poundbury – construída no condado de Dorset (sul da Inglaterra) e que segue o conceito “ecologicamente correto”. Lá, viver é como o ciclo da natureza, simples e harmonioso. E talvez aí esteja o segredo do negócio. Consomese pouco, reutiliza-se muito e reciclase quando se faz preciso. A agricultura é orgânica e a água, reaproveitada ao máximo: após ser utilizada nos chuveiros e na cozinha, ela é tratada e passa a ser matéria de irrigação de hortas. Na Escócia, o projeto é fazer casas com a madeira reciclada de barris de uísque. O aquecimento e a iluminação das residências e prédios comerciais podem ficar por conta da energia eólica (que vem da força dos ventos), das placas solares e da lenha de floresta de manejo sustentável. Roupas e objetos podem ser trocados entre os moradores.

“Nas vilas ecológicas, os centros comercial e residencial ficam próximos um do outro para evitar o uso de carros. O transporte é garantido por bicicletas”, diz Henderson. Segundo o príncipe Charles, não bastarão metas reduzidas de emissão de gases poluentes: “Precisamos nos corrigir primeiramente no cotidiano. Começar com pequenos passos para atingir grandes distâncias.”

i47432.jpg