Um grupo de cientistas americanos e suíços anunciou na semana passada uma importante descoberta na compreensão dos mecanismos de funcionamento do cérebro. Eles concluíram o primeiro mapa da rede de neurônios existente no córtex cerebral, região do cérebro responsável pelo raciocínio, planejamento e coordenação das atividades das outras áreas associadas a funções mais especializadas. Ou seja, os pesquisadores descobriram quais são os caminhos percorridos na transmissão de informações de um neurônio a outro na região que comanda o cérebro.

Está aberta, assim, a perspectiva de mapeamento completo dos circuitos neuronais envolvidos nas funções cerebrais, o que facilitaria a identificação de eventuais problemas nessas redes. "Esse é o primeiro passo para a construção de um modelo do cérebro que nos permitirá entender processos difíceis de serem visualizados", disse à ISTOÉ Olaf Sporns, um dos autores do trabalho. O estudo foi publicado na edição online do jornal científico PloS Biology.

Até hoje só eram conhecidas imagens de áreas voltadas para o processamento de funções específicas – como o hipotálamo, responsável pela memória. Mas a trajetória exata do envio de dados até lá, isso não se sabia. O trabalho, feito nas universidades de Harvard e Indiana, nos EUA, e de Lausanne, na Suíça, foi recebido com entusiasmo pela comunidade científica. "Esta é uma das pesquisas mais importantes dos últimos tempos e mostra até onde a ciência está conseguindo avançar", diz Marcus Raichle, professor de neurologia da Universidade de Washington.

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A conquista foi obtida a partir do uso (em cinco voluntários) de uma nova tecnologia de exame de imagem batizada de "imagem de espectro difuso". Tratase de uma evolução da ressonância magnética que permitiu aos pesquisadores estimar a densidade e a orientação das conexões entre os neurônios. A eficácia de sua utilização foi outro motivo de comemoração. Os resultados precisos indicados pelo exame o colocaram como um método com grande potencial para diagnóstico de lesões e doenças neurológicas e psiquiátricas.