Pelo fato de ser um trabalho coletivo por excelência, o cinema possibilita grandes equívocos. Como, por exemplo, imaginar que basta a soma de grandes nomes na equipe para o resultado final ser superior. A matemática rasteira é comprovada mais uma vez na comédia O coronel e o lobisomem (Brasil, 2005), de Maurício Farias, em cartaz nacional na sexta-feira 7. O elenco é de primeira: Diogo Vilela no papel do coronel Ponciano, que briga contra o irmão de criação Pernambuco (Selton Mello) pela posse da fazenda Sobradinho e pelo amor da prima Esmeraldina (Ana Paula Arósio). Uma história já testada no passado e, desta vez, adaptada do livro de José Cândido de Carvalho por ninguém menos que Guel Arraes, João Falcão e Jorge Furtado. A trilha sonora é de Caetano Veloso e Milton Nascimento, em cartaz em São Paulo cantando, entre outros temas, as músicas do filme. E tem também os efeitos especiais. O que está errado então? A soma, claro. Em poucas palavras – coisa que o filme não economiza em sua prosódia nordestina – o que deu errado foi a tentativa de repetir aqui a naturalidade de Auto da Compadecida, fórmula já gasta em Lisbela e o prisioneiro. E o que era picardia virou um insuportável falatório.