Depois de O Código da Vinci, é a vez
da técnica da Vinci. A genialidade do artista italiano, autor de Monalisa e de
A última ceia, serviu de inspiração
para um cirurgião inglês adotar uma nova forma de tratar a válvula mitral,
uma das estruturas responsáveis pela passagem de sangue no coração. Francis Wells, do Papworth Hospital, de Cambridge, é estrela de um programa que será exibido no sábado 8 na tevê inglesa. O especialista mostrará que o estudo dos desenhos de Leonardo da Vinci, que não era médico, o ajudou a encontrar um caminho para manter o órgão funcionando de maneira próxima do natural. Pelo menos é o que ele garante.

Wells conta que, ao observar o modo como Da Vinci (1452 – 1519) retratou a válvula, fez alterações na técnica que recupera parte das funções da estrutura. A válvula mitral é como um par de portas que permitem a entrada e a saída do sangue, controlando a direção do fluxo. Em algumas pessoas, essa passagem se dilata e o coração tem de trabalhar duro para distribuir o sangue, causando perda de ar e falta de energia. É como se uma porta estivesse solta. Para corrigir o problema, os cirurgiões estreitam o diâmetro da passagem e fixam um anel para que ela não volte a se dilatar. Mas isso pode restringir o fluxo sangüíneo quando o indivíduo se exercita. O método de Wells repara a válvula sem alterar tanto o diâmetro. Assim, o paciente fica liberado para fazer atividades mais vigorosas. O cirurgião já tratou 80 pacientes. A técnica é boa? “Wells reduz o anel da válvula menos do que se costuma fazer. E não o fixa, como os melhores cirurgiões recomendam. No curto prazo, pode parecer bom. Mas e se a válvula apresentar degeneração de novo? Não sei se funciona a longo prazo”, diz o cirurgião cardiovascular José Pedro da Silva, de São Paulo. De qualquer modo, da Vinci continua genial. Quanto a isso, ninguém discorda.