Vestido em trajes tradicionais com túnica de leopardo, Mswati III, rei da Suazilândia, assiste a uma cerimônia na qual 50 mil virgens dançam com os seios desnudos, usando apenas uma tanga, numa praça pública de Mbanane, a capital. É a tradicional “dança do bambu”, na qual as moças simulam construir um pára-vento de bambu para presentear a mãe do monarca. Um mês depois, dez mil “finalistas” fazem o mesmo ritual. No final, a jovem Phindile Nkambule, 17 anos, é escolhida para ser a 13ª mulher de Mswati III, 37 anos. No domingo 25, vestida com plumagens vermelhas exclusivas da realeza e com os seios à mostra, ela foi apresentada à família real. Ali, foi entregue à mãe do rei para ser introduzida nos rituais da corte. Mas ainda falta um passo decisivo para que Nkambule – rebatizada Inkhositaki La Nkambule – se case com o monarca e se torne a 13ª princesa real: ela precisará engravidar (o soberano já tem 27 filhos). Depois disso, a nova princesa terá direito a um BMW e a um palácio real.

Tudo poderia ser visto como folclore, não fosse a Suazilândia um dos países mais miseráveis do planeta. Encravado na África do Sul, com 1,17 milhão de habitantes, o país tem cerca de 40% de seus cidadãos vivendo abaixo da linha da pobreza. Há pouco tempo, ultrapassou a Botsuana como o país com a maior porcentagem de sua população contaminada pelo vírus HIV: 38,8% na faixa acima dos 14 anos. Em relação ao IDH (Índice de Desenvolvimento Humano), a Suazilândia tem 0,498 (o Brasil, 0,775), ocupando a 147ª colocação entre os 177 países listados pela ONU. A expectativa de vida não passa dos 33 anos para os homens e 35 para as mulheres. Não fosse rei, Mswati III já estaria fazendo hora extra na Terra.

Jatinho – Mas nada disso incomoda Sua Majestade. Ao contrário, o soberano vive como se reinasse nas Arábias. Há três anos, ele tentou comprar um jatinho de
US$ 45 milhões, mas o Parlamento, criado apenas em 1978, conseguiu impedir
a extravagância – por enquanto. O valor é o dobro do orçamento nacional da saúde. Em 2003, Mswati III pediu outros US$ 15 milhões para construir um palácio para cada uma de suas mulheres. Mas, em termos de harém, Mswati III é ainda um
reles aprendiz. Seu pai, Sobhuza II, tinha nada menos que 70 esposas quando morreu, em 1986.